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Por que o hino da Argentina ‘mudou’ na Copa do Mundo? – 13/12/2022 – Esporte

“O juremos con gloria morir! O juremos con gloria morir! O juremos con gloria morir!”. Os segundos finais do hino da Argentina, antes da partida contra a Croácia, às 16h de hoje, serão épicos. Dezenas de milhares de torcedores estarão cantando a frase derradeira – que é repetida três vezes – juntos, abraçados, talvez até chorando, nas arquibancadas do estádio Lusail. Para eles, nada estranho estará ocorrendo. Afinal, é o hino do país.

Mas os veteranos de Copas do Mundo, ouvidos mais atentos ou simplesmente interessados em hinos nacionais já terão notado uma grande diferença. O hino da Argentina “mudou” no Qatar. A realidade é que, ao contrário das outras Copas do Mundo, em que era tocado o minuto inicial do hino, uma melodia introdutória e sem letra, agora, a pedido da AFA (a CBF argentina), é tocado o minuto final do hino argentino. A Fifa, é bom lembrar, limita em até 90 segundos o trecho dos hinos nacionais tocados nos estádios.

O UOL apurou que a mudança ocorreu a pedido de Lionel Scaloni, técnico, e Pablo Aimar, assistente, dois ex-atletas da seleção argentina e que já disputaram Copas como jogadores. Eles pediram aos dirigentes da AFA que fosse feita a alteração, para “as pessoas poderem cantar uma parte do hino e que não seja só uma música”.

O pedido veio em 2018, depois da Copa do Mundo da Rússia e da saída de Sampaoli, quando Scaloni assumiu o comando técnico de forma interina. A ocasião foi um torneio sub-20, disputado em Valência, Espanha. A primeira vez em que o hino foi tocado de forma modificada com a seleção principal perfilada foi na Copa América de 2019, no Brasil. Assim se seguiu na seguinte Copa América, a de 2021, eliminatórias e, agora, na Copa do Mundo.

Quem vê muitas partidas da Argentina já está acostumado com o “novo hino”. Quem só vê a Argentina em Copas do Mundo, de quatro em quatro anos, notou a diferença.

Importante ressaltar que os jogadores de “Los Pumas”, a seleção nacional de rugby, costumam emocionar o país cantando o hino aos prantos, como se viu nas Copas do Mundo de 2015 e de 2019. No caso do rugby, o hino tocado é uma edição que mescla a introdução (que sempre ouvimos nas Copas do Mundo de futebol) com a parte final, com letra, que é a que tem sido tocada no Qatar.

Em 2019, na Copa América, houve questionamentos sobre “por que Messi não cantava o hino da Argentina” antes das partidas, mas poucos haviam notado que era o primeiro torneio da seleção absoluta com o hino “novo”. “Cada um vive o hino de uma forma”, se limitou a responder Messi, na ocasião.

“O que fizeram agora é o mais lógico. O hino é muito longo, então tem sentido que peguem uma parte que as pessoas possam cantar”, falou o jornalista argentino Martín Ainstein, repórter e documentarista da ESPN. “Carlos Billardo (técnico da seleção argentina campeã em 1986) dizia que é nos pequenos detalhes que se ganham os títulos. Prestava atenção em tudo, absolutamente tudo. Isso que fez Scaloni é algo muito ‘billardista’, tudo tem uma consequência, tudo soma na hora de construir um time campeão”, opina.

O hino nacional da Argentina foi escrito em 1812 por Alejandro Vicente López y Planes e composto por Blas Parera no ano seguinte. A versão original, enorme, foi reduzida a 3min34s a partir de 1900. A introdução, de 1 minuto, não tem letra e era a única parte tocada nas últimas Copas, desde que a Fifa limitou o tempo de execução.

Na final do Mundial de 1990, uma banda tocou no gramado do estádio Olímpico de Roma um trecho maior do hino argentino, além da introdução. Sob vaias dos italianos, Diego Maradona esperou a câmera chegar perto do rosto dele para mandar o recado ao público: “filhos da p…, filhos da p…”, repetiu, duas vezes.

Na Copa do Qatar, tem sido tocada e cantada a parte final. “Sean eternos los laureles, que supimos conseguir. Coronados de gloria vivamos, o juremos con gloria morir!”. Messi, diga-se, agora já canta o hino a todo pulmão, assim como o restante dos jogadores.

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