A cena chamou atenção de quem estava no estádio 974, em Doha, na segunda-feira (5). O Brasil já vencia a Coreia do Sul por 4 a 0, mas Raphinha exibia um semblante de frustração, com os olhos marejados, na volta para o segundo tempo.
Neymar percebeu isso e abraçou o companheiro, tentando não só consolar como também motivar o ponta-direita. Eles são muito amigos.
O camisa 11 fez um bom jogo, deu uma assistência para Vinicius Junior, mas ainda não conseguiu marcar seu primeiro gol na Copa do Mundo no Qatar. O jejum tem mexido com o atleta.
“Confesso que estou um pouco ansioso para fazer meu gol”, admitiu após a partida, vencida pelos brasileiros por 4 a 1. “Eu acredito muito que as coisas acontecem quando têm que acontecer. Estou muito feliz pela classificação, seguimos todo o mundo em prol do mesmo objetivo, a vitória. Se Deus quiser, o gol vai sair no momento certo.”
Dos titulares do ataque do time canarinho, ele é o único que ainda não foi à rede mesmo sendo aquele que mais finaliza. São 11 conclusões no total, mesmo número de Neymar, que fez o primeiro dele no torneio diante dos sul-coreanos, de pênalti.
Vinicius Junior também foi à rede pela primeira vez diante do adversário asiático. Richarlison é o artilheiro da equipe, com três gols no torneio.
Raphinha esteve em campo em todos os jogos do Brasil no Mundial. Só não foi titular contra Camarões, confronto em que Tite escalou reservas. Assim, soma 261 minutos jogados.
Também é um dos mais participativos. Foi o que mais executou cruzamentos no jogo contra a Coreia do Sul, com cinco, e o que mais deu corridas em alta velocidade, 70. No total da partida, percorreu 10,7 km, segundo dados estatísticos da Fifa.
Ele é da turma que Tite apelidou de “perninhas rápidas”, grupo do qual fazem parte jogadores como Vinicius Junior, Antony e Gabriel Martinelli.
O gaúcho foi um os últimos a ganhar a confiança do treinador. Só começou a fazer parte do elenco brasileiro em setembro de 2021, pouco mais de um ano antes da Copa do Mundo. Seu nome foi levado ao comandante por Matheus Bacchi, filho e um dos auxiliares do técnico.
A aposta não demorou muito para se provar certeira. Em sua estreia, contra a Venezuela, em Caracas, o então atacante do pequeno Leeds, da Inglaterra, foi o responsável por levar o time brasileiro à virada, com assistências para Marquinhos e Antony, em duelo pelas Eliminatórias.
O primeiro gol também não demorou. Veio no terceiro jogo pela seleção, o primeiro como titular, diante do Uruguai. Foram dois, na verdade, na goleada por 4 a 1. Fechou o torneio classificatório com três, castigando também o Paraguai.
Apesar do jejum nos quatro jogos da Copa, ele não está há muito tempo sem marcar pela seleção. No último amistoso antes do torneio, contra a Tunísia, fez dois na goleada por 5 a 1.
As boas atuações o fizeram rapidamente ganhar a posição de titular, condição com a qual iniciou a Copa do Mundo. Ajudaram também em sua transferência para o Barcelona, onde se apresentou em julho.
Diante da Croácia, ele busca reviver seus melhores momentos de verde-amarelo. Mas prevê dificuldades na partida de sexta-feira (9), pelas quartas de final. “É uma grande seleção, senão não estaria nas quartas de final. Sabemos o que temos que fazer, o que temos que trabalhar.”
Ele, no entanto, admitiu que não é do tipo que estuda os rivais. Nem mesmo vê os jogos do Mundial.
“Não assisto a nada da Copa do Mundo. Não gosto de assistir aos jogos, prefiro ver filmes ou séries”, afirmou. “Por que eu tenho que saber algo sobre Messi ou Mbappé? Eu não gosto. Eu sei que eles são os melhores, e tudo bem assim”, acrescentou.
O argentino Messi tem três gols no Qatar. O francês Mbappé é o artilheiro do Mundial, com cinco. Mal, portanto, não faria a Raphinha ver ao menos os jogos da dupla para se inspirar em busca de seu primeiro gol.