“Capitão Messi.” Deveria ser nome de filme, de documentário, de livro. A Argentina ganhando a Copa do Mundo, um dia será, alguém terá essa ideia (mesmo eu já tendo tido, e não ganharei nada por isso).
Fica difícil torcer contra. Não contra o filme hoje imaginário, mas contra os argentinos triunfarem no Qatar. Eu torço a favor, única e exclusivamente para que o capitão Messi erga a taça no estádio Lusail.
Do jeito que Messi está jogando neste Mundial, em sua última participação em um (este é o seu quinto), comendo a bola aos 35 anos, é quase compulsório desejar que ele ganhe. Recompensa justa e merecida a um dos maiores gênios, do alto do seu 1,70 m, que o futebol já viu (e ainda vê).
Acontecendo, o craque se tornará o 22º capitão diferente, em 22 edições de Copa, a colocar as mãos no troféu antes de compartilhá-lo com os companheiros.
Messi capitão, caso triunfe, fará a Copa presenciar algo raro desde 1930, quando o Uruguai sediou o torneio inaugural. Só duas vezes, de 21, um atacante de ofício capitaneou sua seleção no jogo do título. O primeiro, em 1938; o segundo e último, em 1954.
No terceiro Mundial, o da França, a Itália, que ganhara quatro anos antes em casa, faturou o bi diante da Hungria tendo como capitão Giuseppe Meazza (1910-1979).
Jogador que dá o nome ao estádio utilizado para os jogos de Milan e Inter de Milão (clubes que ele defendeu), Giuseppe Meazza é uma lenda do futebol, considerado um dos melhores da Itália, ao lado de Paolo Maldini, Roberto Baggio, Franco Baresi e Gianluigi Buffon.
Foi de Giuseppe Meazza o segundo gol italiano na vitória por 2 a 1 sobre o Brasil na semifinal, em Bordeaux –de pênalti, e o único dele naquela Copa.
No quinto Mundial, na Suíça, a campeã Alemanha Ocidental, que superou a Hungria de Puskás na decisão, tinha como capitão Fritz Walter (1920-2002), autor de três gols nessa Copa, sendo dois de pênalti.
A exemplo de Giuseppe Meazza, Fritz Walter, que teve a carreira interrompida para lutar por seu país na Segunda Guerra, batiza um estádio de futebol, o do Kaiserslautern, o único clube pelo qual atuou na carreira, marcando 357 gols em 364 partidas.
Ele está no rol dos grandes atacantes alemães, como Rummenigge, Völler, Seeler, Klose e Gerd Müller.
Os demais capitães de seleções vencedoras em Copas eram meias (duas vezes), volantes (três vezes, incluindo Dunga), laterais (três vezes, incluindo Cafu e Carlos Alberto), zagueiros (sete vezes, incluindo Bellini e Mauro) ou goleiros (quatro vezes).
Mesmo os dois camisas 10 (a mesma usada por Messi) que ergueram a Taça Fifa, apesar de irem constantemente à frente e fazerem gols, não eram atacantes, e sim meias.
Em 1986, no México, Diego Maradona, compatriota de Messi, jogava atrás de Burruchaga e Valdano, e o mesmo aconteceu na Itália, em 1990, quando Lothar Matthäus, que rivalizou com Maradona na final, tinha à frente dele Klinsmann e Völler, além de Littbarski.
Assim, o capitão Messi terá de quebrar no domingo (18) uma escrita de 68 anos, segundo a qual atacante não ergue a taça da Copa, para ser campeão do mundo.
No Qatar, 11 atacantes, além de Messi, usaram a tarja de capitão, entre eles estrelas como Kane (Inglaterra), Lewandowski (Polônia), Bale (País de Gales), Son (Coreia do Sul) e Cristiano Ronaldo (Portugal. Todos sucumbiram.
No estádio Lusail, será o capitão Messi contra o capitão Lloris, goleiro da fortíssima França, atual campeã do mundo, de Mbappé, Giroud, Griezmann, Varane. Que passou por Marrocos na semifinal.
Lloris é o capitão que levantou a taça na Copa antes desta, a da Rússia, em 2018. O camisa 1 já sentiu esse sabor doce e fará de tudo para repetir o deleite –seria o primeiro jogador bicampeão como capitão.
“Capitão Messi x Capitão Lloris”. Outro bom título para filme. Será um grande duelo. Torcerei para Messi, mas que vença o melhor.
Copa 2022
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A seguir, a lista de todos os capitães campeões em Copas do Mundo.
- Uruguai-1930 – Jose Nasazzi (Uruguai) – zagueiro
- Itália-1934 – Gianpiero Combi (Itália) – goleiro
- França-1938 – Giuseppe Meazza (Itália) – atacante
- Brasil-1950 – Obdulio Varela (Uruguai) – volante
- Suíla-1954 – Fritz Walter (Alemanha) – atacante
- Suécia-1958 – Hilderaldo Bellini (Brasil) – zagueiro
- Chile-1962 – Mauro Ramos (Brasil) – zagueiro
- Inglaterra-1966 – Bobby Moore (Inglaterra) – zagueiro
- México-1970 – Carlos Alberto (Brasil) – lateral
- Alemanha-1974 – Franz Beckenbauer (Alemanha) – zagueiro
- Argentina – 1978 – Daniel Passarella (Argentina) – zagueiro
- Espanha-1982 – Dino Zoff (Itália) – goleiro
- México-1986 – Diego Maradona (Argentina) – meia
- Itália-1990 – Lothar Matthäus (Alemanha) – meia
- EUA-1994 – Dunga (Brasil) – volante
- França-1998 – Didier Deschamps (França) – volante
- Coreia/Japão-2002 – Cafu (Brasil) – lateral
- Alemanha-2006 – Fabio Cannavaro (Itália) – zagueiro
- África do Sul-2010 – Iker Casillas (Espanha) – goleiro
- Brasil-2014 – Philipp Lahm (Alemanha) – lateral
- Rússia-2018 – Hugo Lloris (França) – goleiro