Thiago Silva foi um dos jogadores do Brasil questionados sobre um possível cansaço da Croácia nas quartas de final. “Talvez nos minutos finais isso pese um pouco. Mas é Copa do Mundo…”, resumiu o zagueiro.
As duas seleções se enfrentarão na próxima sexta-feira (9), às 16h (de Brasília), por um lugar nas semifinais. Será o primeiro encontro entre eles no torneio desde a abertura de 2014, quando a seleção venceu por 3 a 1.
Quatro anos mais tarde, os croatas obtiveram seu maior resultado, o vice-campeonato mundial, na Rússia. Após múltiplas prorrogações, atingiram a final. “Se fosse preciso, jogaríamos mais uma agora”, disse Ivan Perisic, logo após o estendido duelo das semifinais.
Afinal, era “Copa do Mundo”. A mensagem era semelhante à apresentada agora por Thiago Silva. Ou seja, a motivação ligada à disputa do principal campeonato de futebol do planeta pode ajudar a superar o cansaço.
A Croácia chegou à decisão em 2018 jogando prorrogações em todas as partidas do mata-mata. A França não passou por isso nenhuma vez –e acabou sendo campeã, definindo o título nos 90 minutos, com uma vitória por 4 a 2.
Agora, no Qatar, os croatas voltaram a atuar 120 minutos nas oitavas. Derrubaram o Japão nos pênaltis, após empate por 1 a 1.
“Talvez esteja escrito no céu que a Croácia tem que vencer assim”, afirmou o zagueiro Dejan Lovren.
O Brasil chegou às quartas com muito mais tranquilidade. Abriu quatro gols de vantagem sobre a Coreia do Sul ainda no primeiro tempo e pôde tirar o pé do acelerador no segundo. Na partida anterior, a última da fase de grupos, com a classificação assegurada antecipadamente, Tite escalou uma formação reserva.
A derrota por 1 a 0 para Camarões gerou críticas ao técnico, mas os titulares puderam descansar. “Ele entende muito de futebol. Sabe o que está fazendo”, disse Richarlison.
Enquanto o Brasil poupava energia, a Croácia ia para uma partida de vida ou morte contra a Bélgica para se classificar no Grupo F.
Mesmo no segundo tempo das oitavas de final, o treinador brasileiro começou a substituir peças-chave do time. A principal delas, Neymar.
A Croácia tem o que já é uma tradição de sobreviver a prorrogações, mas possui uma base envelhecida. É a mesma que obteve o vice há quatro anos. Da equipe que enfrentou os japoneses na última segunda-feira (5), Lovren, 33, Modric, 37, Perisic, 33, Brozovic, 30, e Kramaric, 31, também atuaram na final em 2018.
“Somos 4 milhões de croatas. O que fizemos nos últimos anos é um milagre”, afirmou o técnico Zlatko Dalic, comparando a população de seu país com os mais de 200 milhões brasileiros. “Somos como um bairro de uma cidade brasileira.”
É um discurso de desafio porque a seleção não tem mostrado em 2022 o futebol de 2018. Apenas contra o Canadá se soltou em campo e goleou por 4 a 1. Teve estreia discreta e sem gols contra Marrocos e repetiu o placar com a Bélgica, em jogo que Lukaku perdeu três chances incríveis para marcar. Se o belga tivesse convertido uma, os croatas estariam eliminados.
As palavras de Dalic são mais de motivação, de lembrança do que aconteceu em 2018. E são para fazer os jogadores acreditarem que a superação pode se repetir em 2022.
“Os atletas não dão um passo para trás, refletem o espírito do povo croata. Superamos muita dor. Nunca subestime um croata. Quando fizer isso, vai lamentar. Nós lutamos até o fim”, afirmou o treinador.