No começo da Copa do Mundo, 40 mil argentinos viajaram para assistir ao torneio. Com o sucesso da seleção, mais torcedores se animaram a cruzar o oceano de última hora, e o número de apoiadores no Qatar aumenta a cada dia.
A Aerolíneas Argentinas vem colocando novos aviões no trajeto, e os preços aumentam quanto mais perto da data dos jogos. Os mais recentes saíram cerca de US$ 3.400 (cerca de R$ 18 mil), com uma escala em Roma.
O voo especial que foi aberto apenas para levar os fãs argentinos depois da última partida, contra a Holanda, saiu domingo (11), com todas as poltronas vendidas em menos de 24 horas. O último voo programado, que é o que levará para a final, caso a Argentina passe, sai dia 16 e pode custar até US$ 3.800 (R$ 20.200).
Uma das dificuldades de viajar assim às pressas é que existem alguns trâmites para o ingresso no país, como a obtenção do cartão Hayya, que precisa de alguns dias de antecipação para sair.
As entradas para os jogos são outra dor de cabeça. Nas últimas semanas, era possível ver argentinos checando mil vezes os sites de compra de ingressos para tentar conseguir um. Os que estão sendo oferecidos em revenda, neste momento, custam entre US$ 1.000 (R$ 5.300) e US$ 1.500 (R$ 7.900).
Pela tabela da Fifa, o preço dos ingressos comuns para a semifinal varia de R$ 1.900 a R$ 5.000.
Num país em que é proibido comprar dólares em papel-moeda além do limite de US$ 200 (R$ 1.064) e que, no mercado paralelo, o custo é dobro, os argentinos que se aventurarem a ir ao Qatar, ainda mais em cima da hora, aceitam gastar pequenas fortunas. Isso também por conta da criação do dólar Qatar, por parte do governo argentino, que tributa gastos com cartão de crédito no exterior.
Lorenzo Ferrarine, 23, e o primo Carlo receberam “um presente de Natal que vai valer por três”, disse o primeiro à Folha. “Nós nos comprometemos a não receber nenhum presente de familiares por três anos”, riem. Os pais de ambos juntaram-se para pagar os gastos dos dois tickets, mais alojamento e alimentação. “A estadia conseguimos fácil, porque temos amigos do clube que estão lá num apê alugado. Vai ficar apertado, mas são só algumas noites”.
“Depois do primeiro jogo, em que a Argentina perdeu, eu nem imaginava que iria correr por um ticket a essa altura”, diz Carlo. “Mas a seleção foi crescendo, começamos a conversar com nossos pais. Nós dois trabalhamos também, então podemos pagar algumas coisinhas. Depois tudo isso vai valer a pena, só de ver a Argentina campeã”, conclui.
Eles embarcaram num avião lotado que decolou no último domingo. “No começo, os voos iam com uma capacidade de 65%. Agora, estão lotados. Por enquanto, temos só um previsto para a final, mas dependendo da procura, é possível que coloquemos outro no mercado”, diz Damian Marsicano, da Aerolíneas Argentinas.