Em Al Khor, o verão é longo, escaldante, abafado e árido. Chega a ter temperaturas de 43ºC. O inverno é mais agradável, embora seco e de ventos fortes.
É um cenário perfeito para quem quer experimentar o clima desértico do Qatar.
A cidade já foi um pequeno e isolado povoado, distante cerca de 50 km da capital Doha, que desempenhava um importante papel na indústria de pérolas do país antes de passar a ser explorada pelo turismo.
Foi lá que o Equador venceu a seleção da casa na abertura da Copa do Mundo, no estádio Al Bayt, por 2 a 0.
Também é lá um dos locais procurados pelos turistas que viajaram ao país do Mundial para se hospedarem em barracas que tentam reproduzir tendas beduínas, como a Fan Village Al Khor.
A vila oferece hospedagem em tendas rústicas em uma região desértica, mas perto do golfo. Por isso, apesar do clima de deserto, há algumas praias por perto, como Al Farka e Al Thakhira.
São mais de 200 acomodações que começaram a ser construídas em abril, e levaram seis meses para serem finalizadas. O plano da gerência, porém, é que a vila seja permanente e, após o campeonato, aperfeiçoada. Os valores da obra não foram informados.
O espaço é reservado por meio do site administrado pelo Supremo Comitê de Entrega e Legado e, assim como todos os eventos e locais gerenciados por ele, não vende bebidas alcoólicas.
A acomodação, por exemplo, tem uma Fan Zone, mas o espaço não tem cerveja com álcool –assim como o restaurante do local, que oferece culinária internacional.
Os amigos Jasem Yousef, 45, e Mohammad Alqallaf, 37, estão curtindo a acomodação. Eles vieram do Kwait para assistir aos jogos da Copa e optaram pelas tendas para ter uma experiência diferente daquelas oferecidas pelos hotéis da cidade.
A distância não é uma questão. Agendam serviços de carro com duas ou três horas de antecedência quando precisam sair nos horários mais requisitados, como para ir aos estádios.
Gostam da comida e da limpeza e não tem críticas em relação aos serviços da vila.
“É muito bom. Se quiser um hotel, tem um monte em Doha. Aqui são tendas, é uma experiência diferente”, diz Yousef.
A acomodação também tem áreas dedicadas a crianças, com espaço recreativo para brincarem.
Os chineses Michael Zheng, 38, e Judy Lee, 37, moradores da Austrália, são pais da Jolena e do Henry. Eles vieram ao Qatar para passar quatro dias após programarem a viagem desde o início do ano. A família não havia feito um passeio do tipo desde o início da pandemia de coronavírus.
Lee considera único o estilo da acomodação, principalmente por viverem em um local tão diferente. Zheng lembra que a vila não é um hotel e, por isso, oferece uma experiência completamente diferente.
“A equipe é muito boa. É muito paciente”, diz. “E são muito cuidadosos com as crianças”, completa Lee.
Um quarto que comporte uma família de quatro pessoas, com duas crianças, custa, no mínimo, cerca de R$ 3.700 por diária. Se quiser vista para o mar, o preço pode chegar a cerca de R$ 5.200 por diária.
A suíte oferece uma cama king size e duas camas de solteiro, além de armário, um gaveteiro grande, minibar, televisão smart, cofre, ar-condicionado e wi-fi.
As comodidades, de certa forma, tiram grande parte da experiência de isolamento no deserto.
O ar-condicionado, por exemplo, está presente por toda a parte. Dentro das acomodações, chega a ser tão frio que dá para esquecer que ali é um deserto, principalmente se você ligar a TV e conectar seus serviços de streaming, algo que, certamente, não seria possível em uma experiência desértica verdadeiramente autêntica.
Nem era a intenção, afinal, o local é apresentado como uma “luxuosa” hospedagem no deserto.