Se a final da Copa do Mundo de domingo (18) se tornar a terceira a ir para os pênaltis, os técnicos Didier Deschamps, da França, e o argentino Lionel Scaloni devem evitar a tentação de lançar um “especialista em pênaltis” no final da prorrogação. Isso não costuma funcionar.
O analista de dados Nielsen Gracenote analisou a tendência relativamente recente e descobriu que dos sete jogadores que entraram no final da prorrogação na Copa do Mundo ou na Eurocopa para cobrar um pênalti todos os sete erraram, com cinco de seus times perdendo na disputa de pênaltis.
Isso ocorreu na Copa do Mundo de 2006, quando o técnico da Inglaterra, Sven-Göran Eriksson, decidiu que a experiência do zagueiro Jamie Carragher superava qualquer falha técnica em potencial, mas estava errado.
A experiência se repetiu dez anos depois, na Euro 2016. Foi vista três vezes na Euro do ano passado e duas no atual Mundial.
Parece que o aspecto positivo de trazer um finalizador habilidoso, alguém que o técnico sente que pode lidar com a pressão, é contrabalançado pelo fato de o jogador não tocar na bola por duas horas ou mais, estando a maior parte do tempo sentado.
“Existe algo conhecido como diminuição do aquecimento, que não é tanto sobre a prevenção de lesões, mas o grau de aquecimento que você faria antes de uma habilidade motora”, disse Matt Miller-Dicks, professor sênior de aquisição de habilidades na School of Sport, Health and Exercise Science da Universidade de Portsmouth, à Reuters.
“Há uma análise sobre isso recentemente com a NBA e os lances livres, onde eles descobriram que, onde havia um conjunto de lances livres duplos, a taxa de sucesso para o segundo lance era maior em comparação com o primeiro e, em seguida, igualmente no caso de qualquer lance triplo. A taxa de sucesso aumenta a cada lance sucessivo. Isso aponta para o fato de que, para uma habilidade específica, como uma cobrança de pênalti, se você acabou de entrar como substituto, é menos capaz de realizar uma habilidade motora com a mesma precisão porque está menos preparado.”
Os sete que deram errado
Jamie Carragher, Inglaterra x Portugal, quartas de final da Copa do Mundo de 2006. A Inglaterra perdeu por 3 a 1.
Carragher entrou aos 119 minutos no lugar do ala Aaron Lennon e cobrou o quarto pênalti da Inglaterra depois que ambas as equipes já haviam perdido dois. Carragher precisava marcar para fazer o 2 a 2. Seu chute ruim foi facilmente defendido por Ricardo, e Cristiano Ronaldo marcou o pênalti seguinte para classificar Portugal.
Simone Zaza, Itália x Alemanha, Euro 2016, quartas de final. A Itália perdeu por 6 a 5.
Zaza entrou aos 121 minutos na vaga de Giorgio Chiellini. Batendo o segundo pênalti da Itália depois que ambas as equipes marcaram o primeiro, Zaza deu cerca 15 saltos curtos antes de acertar a bola por cima do travessão. Foram nove pênaltis de cada time antes da vitória da Alemanha.
Rodri, Espanha x Suíça, quartas de final da Euro 2020. A Espanha venceu por 3 a 1.
Rodri entrou aos 119 minutos no lugar de Pedri e cobrou o terceiro pênalti da Espanha, depois que cada time havia perdido um. Rodri disparou para a esquerda de Yann Sommer, mas não longe o suficiente, e o goleiro defendeu.
No entanto, a Suíça perdeu o terceiro e o quarto pênaltis, enquanto a Espanha marcou os dois gols seguintes e venceu por 3 a 1.
Marcus Rashford, Inglaterra x Itália, final da Euro 2020. A Inglaterra perdeu por 3 a 2.
Rashford entrou junto a Jadon Sancho aos 120 minutos nas vagas de Kyle Walker e Jordan Henderson. Com o placar de 2 a 2 na disputa de pênaltis, mas com a Itália perdendo um, a Inglaterra tinha a vantagem. No entanto, Rashford, após uma corrida tímida, acertou o poste esquerdo.
Sancho, Inglaterra x Itália, final da Euro 2020. A Inglaterra perdeu por 3 a 2.
Após a falha de Rashford, a Itália marcou para abrir 3 a 2. Sancho bateu à esquerda de Gianluigi Donnarumma, mas ao alcance do goleiro. A Itália perdeu sua quinta tentativa, o que deixou Bukayo Saka com a chance de manter a disputa de pênaltis, mas a sua batida também foi defendida e a Itália foi campeã europeia.
Pablo Sarabia, Espanha x Marrocos, Copa do Mundo de 2022, oitavas de final. A Espanha perdeu por 3 a 0.
Sarabia substituiu Nico Williams aos 118 minutos e, embora tenha sido uma opção para a disputa de pênaltis, quase definiu a partida ao acertar a trave direita no último chute da prorrogação. Pouco depois, ele cobrou o primeiro pênalti da Espanha, mas acertou o outro poste.
Badr Benoun, Marrocos x Espanha, Copa do Mundo de 2022, oitavas de final. Marrocos venceu por 3 a 0.
Na mesma disputa de pênaltis, Benoun entrou no lugar de Azzedine Ounahi aos 120 minutos. Ele bateu o terceiro pênalti para Marrocos com sua equipe vencendo por 2 a 0, depois que a Espanha perdeu os dois. Seu chute fraco foi facilmente defendido por Unai Simón. Sua decepção durou pouco, no entanto, já que Sergio Busquets errou o terceiro em três para a Espanha, deixando Achraf Hakimi para marcar e enviar o Marrocos para as quartas de final.