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Legislação do Qatar é cumprida quando convém, diz morador – 16/12/2022 – Esporte

O casal de veterinários paulistas Giovana Morais, 26, e Matheus Seixas, 34, se mudaram para o Qatar após uma proposta de trabalho de uma empresa privada. Ele foi em 2019 e ela, um ano depois. A desconfiança dos dois girava em torno da oferta, muito acima dos padrões do mercado brasileiro, e das diferenças culturais do país.

Mas se adaptaram —e sequer pensam em voltar tão cedo para o Brasil. O casal aponta que o pequeno país do Oriente Médio, que tem restritivas leis em relação a comportamento e crenças, “faz vista grossa” em relação às determinações escritas em sua legislação. Oferece também melhor qualidade de vida em relação à nação sul-americana.

“São exceções ou casos que vieram a público por alguma coisa. Acho que cada um pode ter a sua vida privada e ninguém precisa ficar sabendo de nada”, diz Seixas.

O Código Penal do Qatar tem uma seção para crimes sociais, que trata do comportamento em relação a religião, bebidas, apostas, adultério, imoralidade, fornicação, entre outros.

Apesar de altamente restritivo, moradores apontam que o regime do país, uma autocracia, não exige o cumprimento da lei à risca. Em alguns casos, o segredo é não tornar o feito público, dizem.

O código, por exemplo, determina pena de até cinco anos para aqueles que promoverem ou participarem de cultos de outra religião que não o islã. Ao mesmo tempo, Doha, capital do Qatar, tem uma igreja católica em um espaço reservado, escondido e afastado do centro, embora aberto.

O país também proíbe todos de se alimentarem durante o Ramadã, período em que os adeptos ficam em jejum do nascer ao pôr do sol. A pena é de três meses de prisão, além de possível multa de cerca de R$ 3.400.

Com a Copa do Mundo, houve dúvidas se a radicalidade das leis e orientações não seria um impasse aos turistas estrangeiros. Uma delas, a recomendação de que se vista roupas que escondam ombros e estejam abaixo dos joelhos, foi aliviada.

A situação foi percebida pela veterinária Morais, que antes via como problema entrar no shopping para fazer compras usando roupas que não cumprissem as instruções. Ao menos durante o campeonato, a situação mudou.

“Se eu estou de shorts e regata, eu não posso entrar, porque tem ‘dress code’, aí eu tenho que pensar na roupa que eu vou colocar. E durante a Copa, não”, diz.

Outro ponto de tensão para os turistas foram as leis que determinam que o sexo fora do casamento é crime, também parte dos códigos sociais. O casal pode ser condenado a até sete anos de prisão.

Durante o Mundial, porém, casais estrangeiros fora do matrimônio não tiveram problemas ao reservarem quartos juntos.

Longe do período do campeonato, moradores apontam que o governo não tem meios para fiscalizar esse tipo de infração. Ponderam que é importante, porém, manter a vida íntima em privacidade para não ter problemas e que o regime parece aplicar a lei quando conveniente.

À reportagem da Folha a antropóloga Francirosy Campos Barbosa, docente da USP e coordenadora do Gracias (Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes), lembra que em religiões como o islamismo adeptos não devem mostrar seus erros, embora os cometa.

“A religião tem uma coisa em que você não apresenta o seu pecado”, diz.

Quando o assunto é homossexualidade, porém, a vigilância é repressiva. No Qatar, ter relações com pessoas do mesmo sexo pode levar à prisão ou morte, no caso de muçulmanos. A Human Rights Watch, que frequentemente denuncia violações de direitos da comunidade LGBTQIA+ no país, afirma em um relatório de abril de 2018 que não teve conhecimento de episódios de execução.

Durante o Mundial a repressão contra a comunidade continuou, de modo que sua segurança não foi assegurada e sua presença, de forma representativa, não foi notada.

Um levantamento publicado no portal noruegues NRK, mostrou que hotéis credenciados pela Fifa para o campeonato se recusaram a hospedar um casal homossexual. De 69 acomodações, 3 disseram que não aceitariam a reserva e outros 20 pediram que o casal evitasse demonstrações públicas de afeto, sugerindo que não se vestissem como gays. Já 33 deles aceitaram a reserva.

Dois meses antes do início do campeonato, o emir Tamim bin Hamad Al Thani disse que torcedores homossexuais de todo o mundo eram bem-vindos “sem discriminação”.

No mesmo período em que a liderança máxima do país assegurou a segurança da comunidade, gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros foram arbitrariamente presos, segundo a Human Rights Watch.

No mês de início do Mundial, o ex-jogador da seleção do Qatar e embaixador da Copa Khalid Salman chamou a homossexualidade de “dano mental”. Ele acrescentou ainda que ser gay é um “haram”, pecado no islã.

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Projeto do Qatar chega ao ápice com final da Copa – 15/12/2022 – Esporte

Quando terminou a semifinal da Copa do Mundo entre França e Marrocos, na quarta-feira (14), desenhou-se o que seria uma final dos sonhos para o Qatar.

Depois de garantida a presença do argentino Lionel Messi na decisão, foi a vez do francês Kylian Mbappé também confirmar sua vaga.

Será o confronto do jogador sete vezes eleito o melhor do mundo e que, aos 35 anos, tem sua derradeira chance de conquistar o título que lhe falta, contra um dos maiores candidatos a herdar o trono do futebol mundial, já em busca de sua segunda taça da Copa, aos 23 anos.

De acordo com a revista Forbes, a dupla está no topo da lista dos jogadores de futebol mais bem pagos do mundo em 2022. Mbappe lidera o ranking, com US$ 128 milhões (R$ 466 milhões), sendo US$ 110 milhões (R$ 400 milhões) apenas com o futebol. Messi aparece em segundo, com US$ 120 milhões (R$ 436 milhões), sendo US$ 65 milhõs (R$ 236 milhões) com o esporte.

Em comum, ambos vestem a camisa do Paris Saint-Germain, clube de propriedade da QSI (Qatar Sports Investments), subsidiária do fundo soberano do Estado do Qatar.

O fundo é acusado de investir cifras bilionárias em um projeto de “sportswashing” sem precedentes, que envolve até mesmo a escolha do país do Oriente Médio, rico em petróleo e gás natural, como sede desta edição da Copa do Mundo.

As denúncias contemplam todos os significados do termo em inglês, que indica o uso do esporte como forma de “lavar” a imagem de um Estado autocrata, em que o respeito à democracia e aos direitos humanos é questionável, como é o caso do Qatar.

O país tem um longo histórico de afrontar direitos básicos das mulheres, dos trabalhadores migrantes —milhares dos quais foram responsáveis por construir toda a estrutura para a Copa—, além da comunidade LGBTQIA+.

Nesse contexto, o uso da Copa do Mundo como ferramenta de geopolítica vai contra o que a própria Fifa defendeu ao longo da competição —tentar impedir a todo custo o uso político das partidas que promoveu.

Realizada em um país onde é crime ser homossexual, esta edição ficará marcada, por exemplo, pelo veto ao protesto em defesa da comunidade gay que sete seleções europeias pretendiam fazer por meio de uma mensagem na braçadeira de seus capitães.

Os atletas usariam o adereço com as cores do arco-íris e a inscrição One Love (um amor). Depois que a entidade máxima do futebol ameaçou puni-los em campo caso fizessem isso, eles se viram forçados a usar a braçadeira oficial da Fifa. Nela, estava escrito “no discrimination” (não à discriminação).

Em todos os jogos da competição, os torcedores também foram impedidos de entrar nos estádios com camisetas ou bandeiras com as cores do arco-íris. O rigor da fiscalização era tão forte que até mesmo uma bandeira do estado de Pernambuco, com as mesmas cores, chegou a ser confundida pelas autoridades locais.

A presença de Messi e Mbappé na decisão, além do peso do confronto de duas seleções que buscam um tricampeonato mundial, pode ser o retorno do investimento do Qatar no esporte.

As capas de jornais, as reportagens de rádio e TV, além das páginas online serão inundadas no próximo domingo (18) com a história do sucesso e do fracasso em campo, seja de qual for o lado, dando menos peso às denúncias contra o regime.

Nesta semana, por exemplo, a Sky Sports News publicou uma entrevista com Nasser Al-Khelaifi, presidente da Qatar Sports Investments, presidente do Paris Saint-Germain, presidente da European Club Association e um dos homens mais poderosos do esporte global, em que ele falava sobre a Copa.

Al-Khelaifi disse que não suporta políticos que usam o esporte para se promover e que qualquer um que tentar usar as competições para outras agendas “não terá sucesso”.

“O que estamos fazendo aqui no Qatar é apenas esporte e futebol”, disse ele.

Na entrevista, Al-Khelaifi não menciona o escândalo no centro de uma instituição da União Europeia, revelado na semana passada.

Segundo uma investigação de autoridades belgas, um grupo de pessoas com funções e trânsito dentro do Parlamento Europeu teria recebido dinheiro e favores para defender interesses do Qatar, com o intuito de melhorar sua posição internacional.

Apelidado de Qatargate, o caso levou quatro pessoas à prisão, incluindo uma das vice-presidentes da Casa, a grega Eva Kaili, que também foi destituída do cargo.

Em novembro, parlamentares aprovaram uma resolução que lamentava a falta de transparência no processo de escolha do Qatar como sede da Copa do Mundo.

Na véspera da votação dessa resolução, Eva defendeu o país do Oriente Médio. “A Copa é a prova de como a diplomacia esportiva pode obter a transformação histórica de um país com reformas que inspiraram o mundo árabe”, disse ela.

Por meio de seu advogado, ela nega que tenha recebido propina. A investigação já está na extensa lista de denúncias que envolvem o cenário que abrigou os principais jogadores da atualidade, dois dos quais vão se enfrentar neste domingo.

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Argentino Di María também se despede de Copas na final – 15/12/2022 – Esporte

Nascido em Rosário, ele foi criticado várias vezes por não render pela seleção argentina o mesmo que pelo clube que paga seus salários.

Questionado, teve alguns momentos de brilho em Copas do Mundo, mas sempre ficou a sensação de que poderia render muito mais. A mudança de percepção começou com o título da Copa América de 2021.

Em seu adeus no Mundial, sua última partida será neste domingo (18), na decisão contra a França, às 12 horas (de Brasília), no estádio Lusail.

Este jogador não é Lionel Messi. É Ángel Di María, 34.

“O que aconteceu agora neste torneio poderia ocorrer em algum momento. Depois da primeira derrota, são seis finais pela frente”, disse o meia-atacante que atua pelo Paris Saint-Germain (FRA), mesmo time de Messi.

Ele deu a declaração após a partida em que foi titular, a estreia da Argentina contra a Arábia Saudita. Foi uma derrota por 2 a 1. Depois disso, sofreu lesão muscular na vitória sobre a Polônia e desde então tem sido apenas opção para o segundo tempo.

“Corremos risco com Fideo [apelido de Di María] em alguns instantes porque ele não estava 100%”, confessou o técnico Lionel Scaloni depois de colocá-lo em campo durante as quartas de final, diante da Holanda.

Nesta quinta-feira (15), ele foi um dos mais exigidos no treino na Qatar University. Se o treinador quiser manter o time, ele mais uma vez ficará no banco. Mas pode ser opção para começar como titular em caso de mudança do esquema ou das peças.

Não é a primeira vez que Di María se lesiona durante um Mundial. Teve problemas físicos também no torneio no Brasil, em 2014. Não atuou na final contra a Alemanha, apesar do esforço para se recuperar a tempo. Depois diria ter sido ameaçado pelo Real Madrid, seu clube da época, para que não jogasse. Os dirigentes da equipe espanhola negaram.

Assim como Messi, ele chegou ao Qatar com a ideia na cabeça de que esta seria sua última Copa do Mundo. As sucessivas contusões e as atuações apagadas sempre colocaram um ponto de interrogação sobre qual seria seu legado com a alviceleste.

Di María faz parte, ao lado do camisa 10, da geração marcada, até a Copa América do ano passado, pelas derrotas em decisões. Fazia parte do elenco em 2014 e das competições continentais de 2015 e 2016. Como Messi, fez um gol importante no Mundial de 2018, na Rússia, mas pouco adiantou. Seu arremate de fora da área contra a França igualou o placar nas oitavas de final, mas a Argentina terminou derrotada por 4 a 3.

“Nós tivemos o mérito de sempre chegar a decisões. Não é uma equipe que pode ser vista como fracassada, como perdedora. Quantas seleções chegam a uma final de Copa do Mundo? Não muitas”, disse na época.

A redenção na Copa América veio em 2021, no Brasil. Foi dele o gol do título contra o time de Tite, no Maracanã. Só não foi atirado para o ar pelos companheiros porque esta honra coube a Messi.

Os dois são de lados contrários na rivalidade de Rosário. Se o sonho dos torcedores do Newell’s Old Boys é ver Lionel cumprir a promessa que não fez (a possibilidade na verdade foi levantada por seu pai, Jorge), de voltar ao clube do coração, onde iniciou na base, os fãs do Rosario Central contam com Di María.

É uma possibilidade bem maior porque o meia-atacante já disse querer vestir de novo a camisa com a qual se profissionalizou.

A vitória no domingo seria a coroação para ambos e todos os olhos estarão no capitão da seleção, eleito sete vezes melhor do mundo e que tem na Copa o último grande título que não conquistou.

Mas Messi sempre foi, desde cedo, apontado como um fenômeno do futebol. O jogador sobre o qual Ronaldinho Gaúcho disse: “Este será melhor do que eu”.

Enquanto o futuro astro despontava no Barcelona e já era profissional, Di María considerava a possibilidade de parar aos 16 anos.

Como não era promovido para a equipe principal do Rosario Central e a família precisava de dinheiro, pensou em largar o futebol e ir trabalhar com seu pai. Foi a mãe, Diana, quem insistiu para que prosseguisse.

Seria ela também quem diria para o filho para não atuar mais na seleção por causa das pesadas críticas.

“Era muito triste ouvir o que diziam. Eu o via sofrer e isso me fazia mal”, confessou ela, no ano passado.

Di María a ouviu para continuar no futebol, mas fez de conta que não era com ele ao receber o conselho de abandonar a alviceleste. A recompensa por isso pode ser o título de campeão do mundo.

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Portugal demite técnico que colocou Ronaldo no banco – 15/12/2022 – Esporte

Fernando Santos, 68, não é mais técnico da seleção de Portugal. Nesta quinta-feira (15), a federação de futebol do país anunciou que, em comum acordo, as partes resolveram encerrar o vínculo iniciado em setembro de 2014.

“A FPF (Federação Portuguesa de Futebol) e Fernando Santos entendem que este é o momento certo para iniciar um novo ciclo”, informou a entidade em nota.

Com o treinador à frente da equipe, Portugal conquistou os dois primeiros títulos da história de sua equipe principal, a Eurocopa de 2016 e a Nations League, em 2019.

Ele também dirigiu o país em duas Copas do Mundo, em 2018, na Rússia, onde a nação caiu nas oitavas de final, diante do Uruguai, na atual edição, no Qatar, onde os portugueses avançaram até as quartas, fase em que foram superados pelo time de Marrocos.

A campanha em solo qatariano foi marcada, ainda, pela postura rígida em relação a Cristiano Ronaldo, 37, o principal astro e capitão da equipe.

O camisa 7 deu um chilique após ser substituído antes da metade do segundo tempo do jogo com a Coreia do Sul, na última rodada da primeira fase.

A atitude dele forçou o comandante a barrá-lo no jogo seguinte, diante da Suíça, pelas oitavas de final. O jovem Gonçalo Ramos, 21, foi escolhido para o lugar dele e fez três gols na goleada por 6 a 1. Cristiano Ronaldo só entrou na parte final do duelo, já com o placar, praticamente, definido.

Fernando Santos revelou que teve uma conversa com o astro antes de barrá-lo e que, apesar de o jogador discordar, eles se entenderam.

Na fase seguinte, ele esquentou o banco novamente, diante de Marrocos, e quando entrou não conseguiu evitar a derrota por 1 a 0. Saiu de campo chorando pela eliminação na última Copa do Mundo da carreira dele.

Menos de uma semana depois, a direção da Federação Portuguesa não só o demitiu o técnico como informou que já está à procura de um novo treinador.

“Foi uma honra ter podido contar com um treinador e uma pessoa como Fernando Santos na liderança da seleção nacional. A FPF agradece a Fernando Santos e a sua equipa técnica os serviços prestados ao longo de oito anos ímpares e acredita que este agradecimento é feito também em nome dos portugueses.”

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Os craques são mais geniais do que os números – 15/12/2022 – PVC

O ex-técnico francês Arsène Wenger divulgou o estudo mais rico desta Copa do Mundo. Aponta que 85% dos gols nascem pelos lados do campo. Atual diretor de desenvolvimento global do futebol, na Fifa, o treinador campeão inglês invicto pelo Arsenal está convicto de que o vencedor será quem tiver os melhores pontas.

Nesse caso, será a França. Dembélé e Mbappé são os melhores extremas do Mundial. A Argentina nem pontas escala. Sua linha de meio-campo tem dois meias abertos, De Paul na direita, Mac Allister na esquerda.

Outro estudo, menos científico, está no arquivo deste colunista. Dos 62 jogos da Copa, só 21 (34%) foram vencidos por quem teve mais posse de bola; 27 (43%) por quem ficou menos de metade do jogo trocando passes. Houve 14 empates.

A conta é inversa em relação às finalizações. Quem chuta mais a gols no Qatar ganha 43% das vezes, 35% são vitórias de quem arrisca menos ao gol e 22% foram as igualdades.

É preciso cuidado para não transformar estatística em superstição.

O Brasil foi soberano na posse de bola em todos os jogos, menos contra a Croácia. Na partida da eliminação, chutou 19 vezes, e os croatas, 8. Tite viu sua seleção acertar o alvo 11 vezes. Zlatko Dalic, só uma. Gol de Bruno Petkovic.

Na semifinal, a Croácia teve mais posse e chutes do que a Argentina. Perdeu de 3 a 0.

As contradições não inviabilizam os estudos.

Há situações em que o time grande não poderá abrir mão de atacar, o que não impede de se ver a França ganhar do Marrocos com apenas 42% de posse. A Argentina venceu a Croácia mantendo-se apenas 45% do tempo com a bola.

Se dependesse apenas do que mostram números contrapostos aos jogos, a França seria vencedora contra a Argentina na final. Tem os melhores pontas e só registrou supremacia na troca de passes contra Austrália e Tunísia. Chutou mais a gol do que a maioria dos adversários, menos contra os ingleses.

Os argentinos só não tiveram mais posse, nem finalizações, na semifinal contra a Croácia.

Não dá para cravar que o futebol anda nessa direção. Esses dados parecem mais ricos nos jogos eliminatórios. Dos quatro maiores campeonatos da Europa, Bayern, Napoli e Barcelona são líderes e têm o maior índice de bola no pé. A exceção é o Arsenal, primeiro colocado na tabela inglesa e quarto nesse critério, liderado pelo Manchester City, campeão das duas últimas temporadas usando a mesma estratégia da troca de passes.

No entanto, Guardiola perdeu a final da Liga dos Campeões para o Chelsea, em 2021, com 61% de posse e menos chutes a gol.

O Palmeiras ficou em quinto no Brasileiro, e o Flamengo ficou em sétimo na Libertadores, em bola no pé. Foram campeões.

Ganha quem faz mais gols. Simples assim. Há caminhos diferentes para chegar à vitória, modos diferentes de jogar bem.

O equilíbrio tão grande entre as seleções, resultado do conhecimento de jogadores que atuam na elite dos clubes da Europa e se espalham por seus países, aumenta a necessidade de tentar perceber o que funciona e o que dá errado.

Além de ter mais gols, esta Copa, jogada no fim do ano, volta a privilegiar quem tem os jogadores mais decisivos. Como se disse aqui logo na chegada ao Qatar, os melhores do mundo não brilharam nos Mundiais do século 21, pelo desgaste no fim das longas temporadas europeias. Agora, estão no meio delas.

O desafio é de estilos, mas também de gênios: Messi x Mbappé.


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Marrocos entra com recurso contra arbitragem da semifinal – 15/12/2022 – Esporte

A Federação Marroquina de Futebol disse considerar que sua seleção foi prejudicada na semifinal da Copa do Mundo contra a França, na derrota por 2 a 0, e anunciou nesta quinta-feira (15) que procurou a “autoridade competente” para protestar contra a arbitragem.

“A FRMF enviou um email à autoridade competente no qual dá conta das situações de arbitragem que privaram a seleção marroquina de dois pênaltis indiscutíveis, segundo a opinião de vários especialistas”, informou a federação em um comunicado.

Tal “autoridade competente” não é citada na nota.

Durante a semifinal entre França e Marrocos, o único cartão amarelo da partida foi mostrado para o marroquino Boufal, por um choque com o francês Theo Hernández, punição que a federação considerou severa demais.

Em outro lance, os jogadores marroquinos consideraram que Tchouaméni agarrou En-Nesyry pela cintura dentro da área.

A FRMF afirma ter protestado “fortemente” contra a atuação do árbitro mexicano César Arturo Ramos, e que se surpreendeu porque “o dispositivo de videoarbitragem (VAR) não reagiu a essas situações”.

A federação marroquina diz que “não poupará esforços para defender e preservar os direitos das seleções nacionais, pregando a equidade na arbitragem e denunciando essas decisões arbitrais” da semifinal, acrescenta o texto.

Ramos, de 38 anos, foi árbitro no Mundial de 2018 e apitou três jogos no Qatar, entre eles a vitória de Marrocos sobre a Bélgica por 2 a 0, na fase de grupos.

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Gols de fora da área são exceção na Copa do Qatar – 15/12/2022 – Esporte

Os gols marcados de fora da grande área se tornaram mais raros na Copa do Mundo de 2022, no Qatar.

Nas 62 partidas disputadas até as semifinais, apenas 12 finalizações da intermediária terminaram no fundo das redes, incluindo duas em cobranças de faltas.

Esse número representa 7,4% dos 163 tentos anotados até o momento. É o menor percentual registrado pelo menos desde a edição de 1966, a primeira com dados catalogados pela empresa especializada em estatísticas esportivas Opta.

Em comparação, houve 23 gols de longa distância até esta mesma fase no Mundial anterior: o equivalente a 14,3% do total de 161, ou quase o dobro em relação a este ano.

Isso não quer dizer que a pontaria dos jogadores tenha piorado. Na verdade, eles estão apostando menos nesse tipo de chute.

Em vez de arriscar uma batida com grandes chances de ser bloqueada ou sair pela linha de fundo, os atletas têm preferido rodar a bola de uma ponta a outra ou reiniciar a jogada desde o campo de defesa, até encontrar melhores condições para o arremate.

O aproveitamento das finalizações melhorou entre as duas últimas Copas. Os chutes diminuíram, enquanto os gols aumentaram.

Quando consideradas apenas as jogadas com bola rolando –sem contar pênaltis e cobranças de falta–, o total de finalizações caiu 9% (de 1.463 para 1.336), e o de gols cresceu 19% (de 122 para 145).

A maior diferença está justamente nos chutes de fora da área. As tentativas de longa distância diminuíram 22% entre os dois Mundiais (de 593 para 465).

Já o número de finalizações de dentro da área se manteve estável (870 e 871, respectivamente), com maior concentração nas zonas mais próximas à meta neste ano.

Uma possível explicação para esse fenômeno é o aprimoramento das análises estatísticas como parte do trabalho das comissões técnicas.

Popularizado pelos jogos eletrônicos e sites de apostas esportivas, um dos indicadores mais observados atualmente é o xG, uma abreviação para o termo em inglês “expected goals” (gols esperados).

Basicamente, trata-se da probabilidade de uma finalização terminar nas redes, a depender do lugar do campo e em que condições ela ocorre.

Os cálculos são feitos a partir de bases de dados com milhares de finalizações registradas em partidas anteriores e seus desfechos conhecidos.

Dessa forma, uma equipe pode se preparar para explorar pontos fracos dos adversários e construir jogadas que possam ser finalizadas em zonas com um xG mais elevado, aumentando assim as chances de se atingir a meta.

Argentina e França chegam à final do próximo domingo (18) cada uma com um gol de fora da área nesta edição.

Lionel Messi marcou para a equipe sul-americana na vitória por 2 a 0 sobre o México, ainda na primeira fase. E Tchouaméni, no triunfo dos europeus por 2 a 1 sobre a Inglaterra, nas quartas de final.

Na decisão de 2018, os franceses contaram com dois gols de fora da área para vencer a Croácia por 4 a 2 e conquistar o título. Pogba e Mbappé foram os autores.

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Preço alto e má qualidade marcam alimentação na Copa – 15/12/2022 – Esporte

Hambúrgueres, salgados e cachorros-quentes que estão longe de dar água na boca nos torcedores — embora para alguns até dê para o gasto. O preço, porém, é semelhante ao que se paga em lanchonetes no centro de Doha, capital do Qatar.

Essa é a descrição de parte do cardápio vendido nos estádios da Copa do Mundo 2022, padronizado nas arenas.

O preço é alto e, no geral, torcedores reclamam da qualidade dos itens comercializados. Mas, apesar dos protestos, formam filas durante os intervalos, quando os pontos de venda ficam mais disputados.

Pela terceira em uma arena do Mundial, o omani Wadia Alghassani, 27, comeu o hambúrguer de carne, apenas para matar a fome. “Nem é bom”, diz.

No estádio Al Bayt, em Al Khor, para torcer para Marrocos no jogo contra a França, nesta quarta-feira (14), o morador de Omã comia no intervalo entre os tempos, enquanto reclamava do preço e dos lanches que já havia provado —nenhum passou pela sua aprovação.

A melhor opção, de acordo com ele, é o hambúrguer. “É seco, é caro e é superestimado, eu acho”, diz Alghassani.

Por outro lado, o qatariano Wassim Marwani, 31, considera a comida boa, mas não deliciosa. Para um estádio, diz que cumpre seu papel. Voltando para partida, ele carregava um cachorro-quente, uma versão bem diferente da brasileira, com apenas pão e salsicha.

“Eu acho que [a comida] é ok. É limpa, a equipe é boa. É ok”, pontua, dizendo que daria uma nota em torno de oito.

Um hambúrguer simples, daqueles com pão, carne e queijo, fica na casa dos R$ 60. Se quiser adicionar uma Coca-Cola, terá que desembolsar mais cerca de R$ 22. Se o combo for completo, com batata chips, lá se vão outros R$ 15. Uma refeição completa ficaria, então, na casa da centena.

Opção mais barata é a fatayer (uma espécie de enroladinho), que custa R$ 15, e o cachorro-quente, em torno de R$ 37. Uma garrafa de água de 500 ml também sai por R$ 15.

Mohamed Anani, 36, provava pela primeira vez as comidas oferecidas vendidas na arena. Para o torcedor de Marrocos, o maior problema era o preço alto associado ao cardápio limitado.

Considera pontos positivos o serviço rápido e o grande número de lojas no estádio, mas diz que o custo é alto, se comparado com os valores encontrados fora da arena, além de o estabelecimento não oferecer opções para crianças.

“Se você quiser batatas, não são frescas, são batatas chips. Não tem opções de doces”, diz.

Outro ponto que causou desgaste para os torcedores foi a decisão do Qatar de proibir cerveja dentro dos estádios e em seus arredores.

A ordem partiu do Comitê de Entrega e Legado, que organiza o Mundial, pouco antes do início do campeonato. Torcedores que organizaram suas viagens por meses, às vezes anos, foram pegos de surpresa.

O álcool é liberado apenas em locais autorizados pelo governo, como em bares de hotéis. Durante o Mundial, as Fan Fests da Fifa também estão comercializando cervejas.

Após a decisão, apenas a versão sem álcool da patrocinadora oficial é vendida nas arenas. A bebida, que não faz sucesso na torcida, custa cerca de R$ 45.

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Capitão Messi tentará encerrar jejum de 68 anos em Copas – 14/12/2022 – O Mundo É uma Bola

“Capitão Messi.” Deveria ser nome de filme, de documentário, de livro. A Argentina ganhando a Copa do Mundo, um dia será, alguém terá essa ideia (mesmo eu já tendo tido, e não ganharei nada por isso).

Fica difícil torcer contra. Não contra o filme hoje imaginário, mas contra os argentinos triunfarem no Qatar. Eu torço a favor, única e exclusivamente para que o capitão Messi erga a taça no estádio Lusail.

Do jeito que Messi está jogando neste Mundial, em sua última participação em um (este é o seu quinto), comendo a bola aos 35 anos, é quase compulsório desejar que ele ganhe. Recompensa justa e merecida a um dos maiores gênios, do alto do seu 1,70 m, que o futebol já viu (e ainda vê).

Acontecendo, o craque se tornará o 22º capitão diferente, em 22 edições de Copa, a colocar as mãos no troféu antes de compartilhá-lo com os companheiros.

Messi capitão, caso triunfe, fará a Copa presenciar algo raro desde 1930, quando o Uruguai sediou o torneio inaugural. Só duas vezes, de 21, um atacante de ofício capitaneou sua seleção no jogo do título. O primeiro, em 1938; o segundo e último, em 1954.

No terceiro Mundial, o da França, a Itália, que ganhara quatro anos antes em casa, faturou o bi diante da Hungria tendo como capitão Giuseppe Meazza (1910-1979).

Jogador que dá o nome ao estádio utilizado para os jogos de Milan e Inter de Milão (clubes que ele defendeu), Giuseppe Meazza é uma lenda do futebol, considerado um dos melhores da Itália, ao lado de Paolo Maldini, Roberto Baggio, Franco Baresi e Gianluigi Buffon.

Foi de Giuseppe Meazza o segundo gol italiano na vitória por 2 a 1 sobre o Brasil na semifinal, em Bordeaux –de pênalti, e o único dele naquela Copa.

No quinto Mundial, na Suíça, a campeã Alemanha Ocidental, que superou a Hungria de Puskás na decisão, tinha como capitão Fritz Walter (1920-2002), autor de três gols nessa Copa, sendo dois de pênalti.

A exemplo de Giuseppe Meazza, Fritz Walter, que teve a carreira interrompida para lutar por seu país na Segunda Guerra, batiza um estádio de futebol, o do Kaiserslautern, o único clube pelo qual atuou na carreira, marcando 357 gols em 364 partidas.

Ele está no rol dos grandes atacantes alemães, como Rummenigge, Völler, Seeler, Klose e Gerd Müller.

Os demais capitães de seleções vencedoras em Copas eram meias (duas vezes), volantes (três vezes, incluindo Dunga), laterais (três vezes, incluindo Cafu e Carlos Alberto), zagueiros (sete vezes, incluindo Bellini e Mauro) ou goleiros (quatro vezes).

Mesmo os dois camisas 10 (a mesma usada por Messi) que ergueram a Taça Fifa, apesar de irem constantemente à frente e fazerem gols, não eram atacantes, e sim meias.

Em 1986, no México, Diego Maradona, compatriota de Messi, jogava atrás de Burruchaga e Valdano, e o mesmo aconteceu na Itália, em 1990, quando Lothar Matthäus, que rivalizou com Maradona na final, tinha à frente dele Klinsmann e Völler, além de Littbarski.

Assim, o capitão Messi terá de quebrar no domingo (18) uma escrita de 68 anos, segundo a qual atacante não ergue a taça da Copa, para ser campeão do mundo.

No Qatar, 11 atacantes, além de Messi, usaram a tarja de capitão, entre eles estrelas como Kane (Inglaterra), Lewandowski (Polônia), Bale (País de Gales), Son (Coreia do Sul) e Cristiano Ronaldo (Portugal. Todos sucumbiram.

No estádio Lusail, será o capitão Messi contra o capitão Lloris, goleiro da fortíssima França, atual campeã do mundo, de Mbappé, Giroud, Griezmann, Varane. Que passou por Marrocos na semifinal.

Lloris é o capitão que levantou a taça na Copa antes desta, a da Rússia, em 2018. O camisa 1 já sentiu esse sabor doce e fará de tudo para repetir o deleite –seria o primeiro jogador bicampeão como capitão.

“Capitão Messi x Capitão Lloris”. Outro bom título para filme. Será um grande duelo. Torcerei para Messi, mas que vença o melhor.

A seguir, a lista de todos os capitães campeões em Copas do Mundo.

  • Uruguai-1930 – Jose Nasazzi (Uruguai) – zagueiro
  • Itália-1934 – Gianpiero Combi (Itália) – goleiro
  • França-1938 – Giuseppe Meazza (Itália) – atacante
  • Brasil-1950 – Obdulio Varela (Uruguai) – volante
  • Suíla-1954 – Fritz Walter (Alemanha) – atacante
  • Suécia-1958 – Hilderaldo Bellini (Brasil) – zagueiro
  • Chile-1962 – Mauro Ramos (Brasil) – zagueiro
  • Inglaterra-1966 – Bobby Moore (Inglaterra) – zagueiro
  • México-1970 – Carlos Alberto (Brasil) – lateral
  • Alemanha-1974 – Franz Beckenbauer (Alemanha) – zagueiro
  • Argentina – 1978 – Daniel Passarella (Argentina) – zagueiro
  • Espanha-1982 – Dino Zoff (Itália) – goleiro
  • México-1986 – Diego Maradona (Argentina) – meia
  • Itália-1990 – Lothar Matthäus (Alemanha) – meia
  • EUA-1994 – Dunga (Brasil) – volante
  • França-1998 – Didier Deschamps (França) – volante
  • Coreia/Japão-2002 – Cafu (Brasil) – lateral
  • Alemanha-2006 – Fabio Cannavaro (Itália) – zagueiro
  • África do Sul-2010 – Iker Casillas (Espanha) – goleiro
  • Brasil-2014 – Philipp Lahm (Alemanha) – lateral
  • Rússia-2018 – Hugo Lloris (França) – goleiro

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‘Estávamos certos da vitória’, lamenta goleiro do Marrocos – 14/12/2022 – Esporte

O goleiro do Marrocos Yassine Bono disse que a semifinal da Copa do Mundo perdida para a França (2 a 0) nesta quarta-feira (14) foi um “jogo difícil” e que seus companheiros “estavam certos da vitória”, mas agora prometem brigar pelo terceiro lugar do torneio contra a Croácia.

“O jogo não foi fácil. Sonhávamos em ir à final e estávamos certos da vitória, mas não funcionou”, lamentou o goleiro do Sevilla. “Os rapazes jogaram uma grande partida, fizeram um esforço enorme e criaram chances”.

“O primeiro gol complicou nosso jogo, mas a seleção mostrou que tem personalidade e criou chances depois de sair atrás”, analisou Bono.

“Depois veio o segundo gol com um pouco de sorte. De qualquer forma, fizemos um grande jogo”, acrescentou.

O goleiro marroquino elogiou também os jogadores que entraram no lugar de seus companheiros lesionados Romain Saiss, que foi substituído no primeiro tempo, e Nayef Aguerd, que chegou a ser anunciado na escalação oficial, mas não entrou em campo.

“Os que entraram, seja Jawad (el Yamiq) ou Achraf (Dari), fizeram uma grande partida e mantiveram o nível. Não notei a ausência de Saiss, nem de Aguerd.”

Apesar de o sonho do título mundial ter chegado ao fim para o Marrocos, Bono considera que sua equipe “mostrou verdadeiramente que é capaz de competir contra as grandes seleções”.

Os Leões do Atlas vão enfrentar a Croácia no próximo sábado (17), às 12h (de Brasília), pelo terceiro lugar do Mundial do Qatar e Bono prometeu lutar pela vitória: “Ainda nos resta um jogo, que precisamos encarar com a mesma seriedade que mostramos nos outros”.

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