Hambúrgueres, salgados e cachorros-quentes que estão longe de dar água na boca nos torcedores — embora para alguns até dê para o gasto. O preço, porém, é semelhante ao que se paga em lanchonetes no centro de Doha, capital do Qatar.
Essa é a descrição de parte do cardápio vendido nos estádios da Copa do Mundo 2022, padronizado nas arenas.
O preço é alto e, no geral, torcedores reclamam da qualidade dos itens comercializados. Mas, apesar dos protestos, formam filas durante os intervalos, quando os pontos de venda ficam mais disputados.
Pela terceira em uma arena do Mundial, o omani Wadia Alghassani, 27, comeu o hambúrguer de carne, apenas para matar a fome. “Nem é bom”, diz.
No estádio Al Bayt, em Al Khor, para torcer para Marrocos no jogo contra a França, nesta quarta-feira (14), o morador de Omã comia no intervalo entre os tempos, enquanto reclamava do preço e dos lanches que já havia provado —nenhum passou pela sua aprovação.
A melhor opção, de acordo com ele, é o hambúrguer. “É seco, é caro e é superestimado, eu acho”, diz Alghassani.
Por outro lado, o qatariano Wassim Marwani, 31, considera a comida boa, mas não deliciosa. Para um estádio, diz que cumpre seu papel. Voltando para partida, ele carregava um cachorro-quente, uma versão bem diferente da brasileira, com apenas pão e salsicha.
“Eu acho que [a comida] é ok. É limpa, a equipe é boa. É ok”, pontua, dizendo que daria uma nota em torno de oito.
Um hambúrguer simples, daqueles com pão, carne e queijo, fica na casa dos R$ 60. Se quiser adicionar uma Coca-Cola, terá que desembolsar mais cerca de R$ 22. Se o combo for completo, com batata chips, lá se vão outros R$ 15. Uma refeição completa ficaria, então, na casa da centena.
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Opção mais barata é a fatayer (uma espécie de enroladinho), que custa R$ 15, e o cachorro-quente, em torno de R$ 37. Uma garrafa de água de 500 ml também sai por R$ 15.
Mohamed Anani, 36, provava pela primeira vez as comidas oferecidas vendidas na arena. Para o torcedor de Marrocos, o maior problema era o preço alto associado ao cardápio limitado.
Considera pontos positivos o serviço rápido e o grande número de lojas no estádio, mas diz que o custo é alto, se comparado com os valores encontrados fora da arena, além de o estabelecimento não oferecer opções para crianças.
“Se você quiser batatas, não são frescas, são batatas chips. Não tem opções de doces”, diz.
Outro ponto que causou desgaste para os torcedores foi a decisão do Qatar de proibir cerveja dentro dos estádios e em seus arredores.
A ordem partiu do Comitê de Entrega e Legado, que organiza o Mundial, pouco antes do início do campeonato. Torcedores que organizaram suas viagens por meses, às vezes anos, foram pegos de surpresa.
O álcool é liberado apenas em locais autorizados pelo governo, como em bares de hotéis. Durante o Mundial, as Fan Fests da Fifa também estão comercializando cervejas.
Após a decisão, apenas a versão sem álcool da patrocinadora oficial é vendida nas arenas. A bebida, que não faz sucesso na torcida, custa cerca de R$ 45.