Tag: copa do mundo 2022

Em carta a Tite, Daniel Alves diz que não mudaria nada – 10/12/2022 – Esporte

O lateral direito Daniel Alves se manifestou na sexta-feira (9) e neste sábado (10) nas redes sociais, após a eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo do Qatar –derrota para a Croácia nos pênaltis. Primeiro, o jogador publicou uma carta de agradecimento ao técnico Tite, que deixou o comando da equipe após a queda no Mundial. Depois, fez o mesmo para o atacante Neymar.

O jogador diz que não mudaria nada na “última viagem” que fizeram, que é a ida para a Copa do Mundo, e deseja sorte ao treinador. “Que o senhor possa ter a paz que eu também levarei comigo, a paz do dever cumprido e da missão executada”, diz trecho da carta.

Para Neymar, Daniel Alves colocou uma foto junto com a mensagem e escreveu que Neymar “tem uma missão aqui na Terra”.

“A dor, assim com a felicidade, são passageiras, mas a nossa missão é não permitir que a dor seja mais do que a felicidade”, diz o trecho da carta.

Aos 39 anos, Daniel Alves disputou contra a Coreia do Sul, nas oitavas de final, a sua última partida pela seleção brasileira e se tornou o jogador mais velho a atuar pelo Brasil em Copas do Mundo.

Leia a mensagem de Daniel Alves para Tite:

Querido Adenor, escrevo-lhe essa mensagem aqui para agradecer-lhe tudo que fizeste por esse querido grupo todos esses anos.

Esse abraço é o significado mais puro do que o sr representa para mim é para esse grupo de seres humanos especiais.

Especiais por suas particularidades, por seus caráter, por sua humildade e sobretudo pelas histórias de superação e pelas grandes almas que existem por trás da telinha.

Existem medalhas que não se coloca no peito e sim na alma e essa é uma.

Obrigado por nos ensinar a como ser homens, país, filhos, amigos, irmãos e seres humanos… pode ser que isso, nos tempos do hoje, não tenha valor nenhum, ou pode ser que ainda existam seres que ainda acreditem o quão isso é valioso e importante.

Essa é a nossa última viagem aqui e posso te falar; não mudaria nada.

Desejo-lhe tudo de maravilhoso e mais puro nessa vida e na outra.

Que o sr possa ter a paz que eu também levarei comigo: a paz do dever cumprido e da missão executada.

O resultado de um jogo nunca mudará o placar das nossas vidas.

Todo esse tempo dedicado de corpo e alma traz a paz que faz-nos seguir nossos caminhos de lutas e glórias.

E sim, essa é uma carta aberta não somente para que o sr possa ler, mas para que todos saibam que os seus valores não estão nem nunca serão medidos em debates.

Com muito carinho e respeito, obrigado por todos esses anos juntos em prol de representar o melhor país do mundo.

Leia a carta escrita pelo lateral para o atacante Neymar.

Coloco essa imagem primeiro porque é assim que sempre quero lembrar de você e quero que também todos lembrem assim de você.

Você é exemplo de brasileiro que saiu do nada e conquistou mais do que sonhou.

Chorar é parte do processo, mas sorrir é o que faz com que lembremos que todo o sacrifício que fizemos valeu a pena.

Muitas vezes o troféu faz muitas pessoas se equivocarem, achando que são melhores do que as outras porque ganharam… mas não, não sabem que isso é apenas uma distração que alimenta continuamente os seus egos.

Ganhar para mim que sou considerado o maior vencedor da história desse esporte significa inspirar pessoas, assim como você, @neymarjr, faz.

Os maiores troféus das nossas vidas sempre serão as pessoas que consiguimos impactar nessa sociedade através do nosso exemplo.

É para isso que DEUS nos deu o nosso dom.

Você não tem apenas um compromisso com o futebol, você tem um compromisso com a sua missão aqui na terra…. Execute-a com sabedoria.

A dor, assim com a felicidade, é passageira, mas a nossa missão é não permitir que a dor seja mais do que a felicidade… mesmo que momentaneamente, mas a vida é feita de momentos.

Deixa que doa, deixa que passe e volte pra sua missão!!

Amo o seu coração meu irmão.

A rede social é para poder mostrar o que queremos que saibam de nós, sem mentiras nem achismos.

link

Sabia que teria mais uma chance, diz Giroud – 10/12/2022 – Esporte

Autor do gol que classificou a França, Giroud afirmou após o jogo deste sábado (10) que tinha certeza de que apareceria uma chance para marcar contra a Inglaterra.

“Na vida, é preciso sempre ter fé. Eu sabia que teria uma chance a mais, e Griezmann me deu um bola ótima”, afirmou ele, que marcou o segundo gol francês de cabeça.

Sobre o jogo, o camisa 9 afirmou ainda que a seleção impôs “um jogo sólido” e que tentou “jogar muito bem no contra-ataque”.

Foi seu quarto na Copa do Mundo do Qatar. Ele é o vice-artilheiro da competição. Está atrás apenas do seu companheiro Kylian Mbappé (cinco).

Giroud finalizou dizendo que espera chegar o mais longe possível na Copa. O adversário da semi é Marrocos, na quarta (14), às 16h.

Para o técnico Didier Deschamps, que também falou após a vitória, “por sorte, eles [ingleses] perderam o segundo pênalti”.

“O time inglês estava muito bem organizado, é um time muito capaz”, disse, acrescentando que “fizeram das tripas coração para chegar à semi”.

“Dá vontade de pausar o tempo, porque uma semi é uma coisa muito séria.”

Sobre Marrocos, Deschamps afirmou que a seleção africana merece reconhecimento. “Claro que não faziam parte dos times que a gente esperava. É uma bela surpresa.”

link

Tite se despede com dois ótimos ciclos e duas Copas decepcionantes – 10/12/2022 – Esporte

São muito bons os números gerais de Tite, 61, na seleção. Contratado em 2016, para levantar um time em apuros após o adeus desastroso de Luiz Felipe Scolari e a má passagem de Dunga, Adenor Bacchi permaneceu seis anos como o técnico do Brasil, com 60 vitórias, 15 empates e 6 derrotas. O aproveitamento é de 80,2%, com média de 2,15 gols marcados por jogo e excepcional 0,37 sofrido.

Os grandes objetivos, no entanto, não foram alcançados.

Em dias infelizes da equipe, com decisões questionáveis do comandante, a caminhada na Copa do Mundo acabou duas vezes nas quartas de final. Em 2018, na Rússia, a Bélgica surpreendeu com alterações táticas na escalação e venceu por 2 a 1. Na última sexta-feira (9), no Qatar, erros estratégicos cobraram alto preço no empate por 1 a 1 com a Croácia, seguido de derrota nos penais.

Como havia ocorrido há quatro anos, o treinador procurou, à sua maneira, com o cuidado de não usar esta palavra, creditar o revés ao imponderável. “O futebol te permite um chute desviado, na única finalização [do adversário], e o teu goleiro não fazer nenhuma defesa durante o jogo”, afirmou.

De fato, de acordo com dados da empresa de dados esportivos Opta, os croatas só acertaram uma bola na meta de Alisson, que não reagiu com a agilidade necessária para impedir o gol, já no final da prorrogação. Mas Tite não conseguiu explicar por que o veterano meio-campista Modric, 37, conseguiu ditar o ritmo de porções significativas da partida em Doha.

O treinador também se recusou a admitir as péssimas escolhas adotadas por seus jogadores no lance em que os croatas buscaram o empate, aos 12 minutos do segundo tempo extra. Até Neymar observou o óbvio: atacar com seis homens, vencendo, a três minutos das semifinais da Copa, não foi uma escolha particularmente inteligente.

É possível que proteger os atletas tenha sido uma das motivações da truncada análise que ofereceu sobre o lance, mas a dificuldade em assumir erros acompanha o competente treinador ao longo de sua carreira. Algo que se repetiu no Qatar, na tentativa de justificar uma convocação desequilibrada, mesmo com a inédita possibilidade de levar 26 jogadores ao Mundial.

Foram nove atacantes, apenas quatro zagueiros e três laterais aptos a jogar partidas de verdade. Daniel Alves, 39, só esteve em campo quando o duelo não valia nada –contra Camarões, na primeira fase, com a classificação assegurada– ou quando o dia estava resolvido –entrou contra o Coreia do Sul, no segundo tempo das oitavas de final, com o placar em 4 a 0.

No momento crucial, sua presença em campo não foi nem cogitada. Chamado pela boa relação com os companheiros, viu do banco a seleção ser escalada com improvisações nas duas laterais: a direita ficou foi ocupada pelo beque Éder Militão; a esquerda ficou com o lateral direito Danilo. Se não era fácil prever as lesões que atrapalharam a caminhada, preparar-se para elas estava ao alcance.

Claro, a história seria outra se o chute de Petkovic não tivesse sido desviado em Marquinhos. Se Alisson tivesse exibido maior rapidez para reagir a uma bola que não era indefensável. Se Casemiro percebesse que é melhor estar suspenso das semifinais do que eliminado da Copa –ele teve a chance de fazer a falta em Modric, o que provavelmente lhe renderia cartão e gancho automático.

A eliminação de 2018, como quase todas, também teve os seus “se”. Fernandinho, como Casemiro, teve oportunidade de parar um contra-ataque e preferiu não o fazer. Renato Augusto teve nos pés a bola do empate e falhou. Mas a Bélgica –que surpreendeu Tite com Lukaku aberto e De Bruyne adiantado– já tinha construído boa vantagem. Quando o Brasil reagiu, era tarde.

Na ocasião, como agora, o gaúcho evitou apontar erros próprios. Disse que o goleiro belga “Courtois estava iluminado”, reclamou de pênalti em Gabriel Jesus (em quem insistiu até o fim, como fez nas últimas semanas com Raphinha, apesar do nível decepcionante) e voltou a falar de azar. Do jeito Tite. Sem usar essa palavra. “Não gosto de falar em sorte…”, declarou. “Futebol tem o aleatório.”

O trabalho, porém, era sólido. Contratado por causa de seu histórico retrospecto no Corinthians, o técnico assumiu a seleção na sexta colocação das Eliminatórias para o Mundial –após um fracasso com Dunga na primeira fase da Copa América de 2016– e a levou à Rússia como primeira colocada do classificatório sul-americano.

Por isso, tornou-se o primeiro treinador do time nacional a ter o contrato renovado depois de perder uma Copa do Mundo desde 1978. Respondeu com o título da Copa América de 2019, o vice da Copa América de 2021 e a melhor campanha da história das Eliminatórias da América do Sul no formato de pontos corridos, com incríveis 88,2% de aproveitamento em 17 jogos.

Nessa caminhada, virou também o técnico com maior tempo ininterrupto à frente da seleção: 2.290 dias entre a estreia, um triunfo por 3 a 0 sobre o Equador, fora de casa, pelas Eliminatórias, e o fracasso diante da Croácia. E chegou ao Qatar com a expectativa de brigar pelo título, com uma equipe temida.

A lesão de Neymar logo na primeira partida começou a atrapalhar os planos. O atacante de 30 anos voltou para o mata-mata, mas com evidentes limitações devido ao problema no tornozelo direito. Com o craque inteiro, a história poderia ter sido diferente? Mais um “se” para o técnico, que, em Copas, não tem mais do que as quartas de final para mostrar.

link

Copa: Protestos no Qatar marcam a era do atleta empoderado – 10/12/2022 – Esporte

O acúmulo de controvérsias fora de campo na Copa de 2022 gerou um efeito inédito registrado nos gramados do Qatar. Como nunca em um Mundial, jogadores se posicionaram, protestaram e foram questionados sobre temas que extrapolam o esporte.

“Vivemos a era do atleta empoderado”, analisa Jules Boykoff, 52, cientista político estudioso do impacto das Copas e das Olimpíadas nos países-sede.

Ex-jogador de futebol, ele era um aspirante em 1990, quando estreou com a seleção dos EUA contra o Brasil, no Torneio de Toulon, na França. A equipe brasileira, que tinha Cafu, venceu por 2 a 0.

Boykoff guarda com orgulho o confronto com o capitão do penta numa das competições mais relevantes de categoria de base do futebol. A lembrança o faz refletir sobre como o futebol e seus atletas mudaram, segundo ele.

“Eu era muito ingênuo para me posicionar politicamente. Tenho até medo de pensar o que eu poderia ter dito se algum jornalista viesse me perguntar sobre questões políticas”, afirma.

Questionamentos como os que o capitão da seleção americana, Tyler Adams, ouviu de um jornalista do Irã, sobre discriminação racial nos EUA, ou os que muitos atletas tiveram que responder em relação à morte de operários migrantes no Qatar e à perseguição aos gays no país da Copa.

Boykoff vê como uma evolução o protesto organizado por jogadores da Alemanha, que taparam a boca após serem impedidos de usar braçadeira de capitão com as cores do arco-íris. Para ele, a independência financeira de atletas consagrados deu a eles liberdade para se posicionarem.

“Felizmente, eles não dependem tanto de dirigentes”, diz. “Ótimo, mas isso não pode ser uma obrigação. Eles precisam ter a liberdade de escolher. Se querem falar, vamos ouvi-los”, completa.

O sr. cita em artigos e entrevistas o termo “sportswashing“. O que precisamente quer dizer com isso? Sportswashing acontece quando um líder político usa o esporte e eventos como Copa e Olimpíadas para tentar se mostrar legítimo, ganhar importância geopolítica e melhorar sua reputação. O que ele quer é desviar a atenção de problemas reais crônicos, como violação de direitos humanos.

Com o esporte, é possível cria espaço para avanços geopolíticos e econômicos. Não necessariamente isso se materializa, mas pode acontecer. Você viu, por exemplo, que o Qatar acabou de assinar com os EUA um novo acordo militar durante Copa do Mundo.

Mas isso é um jogo arriscado também? Os países acabam sob holofote… Sim, o Qatar mostra que apostar no sportswashing pode ser um jogo arriscado. Quem sedia um grande evento, ao mesmo tempo em que deseja que não se fale de alguns assuntos, atrai atenção para eles. Vimos isso com relação às leis anti-LGBTQIA+ e às condições de trabalho no Qatar, que ganharam grande atenção da mídia internacional. Não há garantia de que o líder político terá o que quer.

Mas isso é quando falamos de resultados na imagem externa. Temos que lembrar que muitas vezes o objetivo maior está relacionado ao público interno.

Por quê? Vou dar um exemplo, os Jogos Olímpicos de 2014, em Sochi. Vladimir Putin conseguiu, um ano antes do evento, aprovar uma lei de propaganda anti-gay. Isso teve uma repercussão internacional péssima, principalmente nos EUA. Sim, mas na Rússia ele usou isso, com outras medidas, é verdade, para aumentar a sua popularidade.

Ele criou, segundo os pesquisadores locais, um novo senso de nacionalidade russa. Os Jogos Olímpicos de Inverno contribuíram para isso. Após o evento, Putin tinha aprovação de 86%, indicaram pesquisas. Popular, ele anexou a Crimeia.

Temos exemplos do uso de eventos como um trampolim para a popularidade de líderes tiranos que implementam ações como o início de uma guerra.

Ao mesmo tempo, temos que lembrar que sportswashing não é observado apenas em países autoritários. Ele acontece em nações democráticas como Brasil e EUA. Em Los Angeles, o prefeito diz que os Jogos de 2028 vão acabar com o problema dos sem-teto na cidade, o que não parece factível. No Rio, prometeram a despoluição da baía da Guanabara. Essa crítica do uso político dos eventos precisa ser ampliada aos países democráticos também.

Normalmente quando o evento começa, o assunto principal acaba sendo o destaque esportivo, o que ajuda a esconder os problemas dos países. É difícil competir com Messi fazendo gols, com a histórias que o futebol proporciona… Sim, eu sou um apaixonado pelo esporte e sei disso. Mas se você comparar com o passado, acredito que há uma evolução. Antigamente, essa tendência de foco total no jogo se confirmava 100%. A Copa do Qatar rompeu com isso de alguma maneira. Há uma cobertura crítica em relação ao país.

Acredito que estamos vendo algo diferente. Primeiro, porque há muitos problemas no Qatar. Existem repórteres lá e eles estão vendo e relatando isso para uma audiência global. A segunda razão é que tivemos jogadores de diferentes países falando sobre questões sensíveis do país.

Quando a Dinamarca anunciou que iria vestir uma camisa com uma mensagem de defesa dos direitos humanos isso captou atenção. Quando os alemães foram impedidos de usar a braçadeira com o arco-íris e taparam a boca em protesto, isso propagou algo que não era comum.

O que explica esse engajamento maior de alguns atletas em causas que extrapolam o futebol? Tem um fator que é a independência financeira que jogadores mais consagrados conquistaram. Felizmente, eles não dependem tanto de dirigentes.

Pego o exemplo do Messi, que é um atleta que não se posiciona e é direito dele ser assim, não há crítica nisso que vou falar. Ele ganha US$ 40 milhões (R$ 212 milhões) por ano de salário. Isso sem contar patrocínios e outras receitas. A equipe campeã da Copa vai receber US$ 42 milhões (R$ 222 milhões) no total, para dividir com todos do time, comissão técnica e funcionários. A gestão do prêmio é da federação do país.



A Copa no Qatar quebrou o padrão de alienação em relação às mazelas do país que sedia os grandes eventos esportivos

Então, esses atletas já não precisam do dinheiro do prêmio, por exemplo. O evento, sim, precisa deles, financeiramente falando. Com essa independência financeira vem a liberdade.

Tem outra questão. Existem figuras conhecidas que ficaram conhecidas por se posicionarem politicamente. Você pensa no Manuel Neuer e lembra de declarações dele sobre direitos LGBTQ+. Isso não é mais um tabu.

Estamos vivendo a era do empoderamento dos atletas. Hoje é esperado que eles se posicionem e que falem de temas não relacionados diretamente com o futebol.

O senhor vê isso como uma evolução? Vejo como algo positivo a liberdade e a segurança para eles falarem. Mas é preciso deixar claro que não deve ser uma obrigação. Muitos são bem assessorados, preparados e têm informação. Vamos ouvi-los.

Vimos na Copa o capitão da seleção americana, Tyler Adams, ser questionado por um jornalista do Irã sobre discriminação racial nos EUA. Isso é como as coisas são atualmente no esporte. Os jogadores precisam estar preparados para isso. Quando eu joguei não era assim.

Quando eu tinha 19 anos e jogava, era muito ingênuo para me posicionar. Tenho até medo de pensar o que eu poderia ter dito se algum jornalista viesse me perguntar sobre questões políticas (risos). Certamente, falaria algo bem ingênuo ou estúpido.

Não acredito que os atletas devam ser obrigados a falar ou até cobrados. Eles precisam ter a liberdade de escolher. Se querem falar, ótimo.

Em 2021, você escreveu um texto no New York Times afirmando que os Jogos Olímpicos de Tóquio deveriam ser cancelados. Há quem defenda um boicote ao Mundial. É o seu caso? É difícil [boicotar], não vou mentir. Eu acolho e sou simpático com quem propõe isso, mas eu estou assistindo. Acredito que é possível fazer as duas coisas, criticar o sistema e apoiar os atletas que estão fazendo o trabalho deles.

Não posso aceitar que esses executivos da Fifa, com toda a corrupção deles, decisões ruins e malfeitorias, serão bem-sucedidos em roubar o jogo de um fã de futebol como eu.

O Mundial de 1978, realizado pela ditadura militar da Argentina, e as Olimpíadas de Berlim, organizadas por Adolf Hitler, ficaram marcados por beneficiarem regimes autoritários. O senhor acredita que a Copa do Qatar será lembrada assim no futuro? É difícil fazer previsões, é perigoso. Mas temos lições desses exemplos citados. Você olha a cobertura da mídia na época e vê registros de complacência e até elogios aos personagens políticos. Hitler foi descrito pelo New York Times como “um dos maiores, se não o maior, líder político do mundo atualmente”. Isso é um trecho literal de um texto do jornal. Não é o que acontece no Qatar.

O que sabemos é que, após as Olimpíadas em Berlim, Hitler viu sua popularidade aumentar. Isso o fortaleceu para as ações que teve nos anos seguintes.

Nos dois casos, na Argentina e em Berlim, os líderes autoritários prometeram o melhor evento possível aos dirigentes esportivos e que nada aconteceria de ruim durante ele. Assim que a festa acabou, a repressão só aumentou nesses dois países. Como será no Qatar depois de a Fifa sair e as atenções do mundo se dispersarem?

Há uma queixa do Qatar de que existe muito preconceito por ser um país árabe. Sim, nisso eu tenho que concordar. Existe preconceito. Precisamos destacar que o Qatar fez algumas alterações na sua legislação trabalhista para estrangeiros, houve reformas que talvez não teríamos sem o Mundial. É difícil saber se essas mudanças farão diferença quando o torneio acabar. Voltamos a mesma pergunta que eu fiz antes: o que acontecerá quando os holofotes do mundo desviarem o foco para outro lugar?


RAIO-X

Jules Boykoff, 52 anos, professor da Pacific University, nos EUA, estudioso do impacto das Copas e da Olimpíadas nos países-sede, e ex-jogador de futebol.

link

‘Vão dar o título para a Argentina’, Pepe – 10/12/2022 – Esporte

Após a derrota por 1 a 0 para Marrocos, o zagueiro luso-português Pepe criticou a arbitragem e disse que há um suposto favorecimento à Argentina na Copa do Mundo.

“De 8 ou 9 árbitros que tivemos aqui hoje no jogo, 5 são argentinos. Posso estar muito errado, mas tenho muita experiência disso. Posso dizer que eles vão dar o título para a Argentina.”

“Na primeira parte, foram uma vez e fizeram um gol. Todas as jogadas que nós queríamos, eles paravam a jogada e o árbitro não molestava os jogadores do Marrocos. Segunda parte foi mais do mesmo. Vieram para perder tempo. Muitas faltinhas, o árbitro não dá amarelo.”

“Tenho que dizer isso. É inadmissível um árbitro argentino apitar nosso jogo, depois do que Messi falou ontem [sexta]”, acrescentou.

Após a vitória da Argentina sobre a Holanda, o camisa 10 alviceleste pediu à Fifa que reveja a escalação do árbitro da partida, o espanhol Antonio Mateu Lahoz, para a continuação da Copa. “Muita raiva, porque, como eu disse, não era para acabar assim [o jogo]. A Fifa tem que rever isso, não pode colocar um árbitro assim para um jogo assim.”

Sobre a partida, o zagueiro afirmou que Portugal esteve “sempre por cima” e que sofreu um gol inesperado. “Estamos tristes. Tínhamos qualidade para ganhar o campeonato do mundo.”

O meia Bruno Fernandes seguiu na mesma toada sobre a arbitragem. “Queriam que Portugal saísse neste momento, queriam. É muito estranho nós estarmos a ter um árbitro que ainda tem a sua seleção em competição [Argentina] e não termos árbitros portugueses na competição.”

“É minimamente estranho, porque temos árbitros que apitam Liga dos Campeões. Se têm qualidade e nível para estar na Liga dos Campeões, também têm qualidade e nível para estar aqui”, acrescentou.

“E estes árbitros [da partida] não apitam Liga dos Campeões, não estão habituados a este tipo de jogo. E claramente inclinando o campo, até porque na primeira parte existe um pênalti claro em cima de mim, sem dúvida alguma.”

Já o técnico português, Fernando Santos, fez apenas comentários sobre a partida em si. Ele disse que os jogadores trabalharam muito, mas que não conseguiram explorar “tudo aquilo que a gente queria fazer”.

link

Copa do Mundo 2026: saiba tudo sobre a próxima edição – 10/12/2022 – Esporte

Após a desclassificação do Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo do Qatar, a procura por informações sobre a próxima edição do torneio, realizada daqui quatro anos, começa a subir. Veja tudo o que se sabe até o momento sobre a Copa do Mundo de 2026.

Quando será a próxima Copa do Mundo?

A edição seguinte será realizada entre 8 de junho e 3 de julho de 2026, e volta a ser disputada no meio do ano, durante o verão do hemisfério norte.

Onde será sediada a próxima Copa?

Os anfitriões serão Estados Unidos, México e Canadá. As cidades-sede, nos EUA, são Atlanta, Boston, Dallas, Filadélfia, Houston, Kansas City, Los Angeles, Miami, Nova York, São Francisco e Seattle. No México, serão a capital Cidade do México, Guadalajara e Monterrey. No Canadá, Toronto e Vancouver receberão partidas.

Quando será a final da Copa de 2026?

A grande final será realizada no dia 3 de julho de 2026.

Neymar jogará a próxima Copa?

Após a eliminação para a Croácia, nas quartas de finais, Neymar disse que não fecha portas à seleção, mas não garante seu retorno na próxima edição.

Em outubro de 2021, o jogador, em entrevista para o documentário “Neymar Jr & The Line of Kings”, disse acreditar que a Copa no Qatar seria sua última. “Encaro como a última porque não sei se terei mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol”.

Na próxima edição, em 2026, o atacante terá 34 anos. Considerando os exemplos de Messi e Cristiano Ronaldo, que disputam o torneio aos 35 e 37 anos, respectivamente, é possível que Neymar participe da próxima edição.

Quanto custam os ingressos para a Copa do Mundo?

Os preços e regras para 2026 ainda não foram divulgados. Como referência, antes do início do torneio, o ingresso individual mais barato para assistir a um jogo da Copa no Qatar (atrás do gol em uma partida da fase de grupos) custava R$ 372. Os individuais mais caros saíram por R$ 1.191 (laterais de campo).

Nesta edição, cada pessoa pode comprar até seis ingressos para uma mesma partida. Também é possível comprar pacotes, que saem mais caro. Os preços sobem gradualmente conforme as fases da competição.

Como comprar ingressos para a Copa do Mundo de 2026?

A compra de ingressos é feita diretamente no site da Fifa.

Quantos participantes terá a Copa de 2026?

A próxima edição será a Copa com o maior número de participantes: serão 48 seleções disputando o título. O formato atual conta com 32 equipes. A ampliação foi aprovada pela Fifa em janeiro de 2017, por unanimidade, fruto de articulações de Gianni Infantino, presidente da entidade máxima do futebol.

Inicialmente, Infantino defendia a Copa com 40 times, porém decidiu inchar ainda mais o torneio, agradando mais aliados e com a perspectiva de maior arrecadação. Ele foi eleito em fevereiro de 2016 numa votação apertada, com o discurso de moralizar e limpar a Fifa, manchada por escândalos de corrupção de gestões anteriores, especialmente do ex-presidente Joseph Blatter.

A entidade ainda não decidiu como formatar a disputa com 16 equipes a mais.

link

Jornalista Grant Wahl morre durante partida de Argentina X Holanda no Qatar – 10/12/2022 – Esporte

O jornalista esportivo Grant Wahl, que estava no Qatar realizando a cobertura da Copa do Mundo, morreu nesta sexta-feira (9) após passar mal durante a partida entre Holanda e Argentina. O norte-americano tinha 48 anos.

A morte foi confirmada pela federação de futebol dos Estados Unidos através de um post nas redes sociais. “Todos do futebol dos EUA estamos com o coração partido ao saber que perdemos Grant Wahl”, disse a federação.

O repórter da ESPN, Francisco de Laurentiis, relatou em seu perfil no Twitter que estava nas tribunas da imprensa, perto de Wahl, quando o fato aconteceu. O mal súbito ocorreu durante a prorrogação do jogo em questão.

Não foram divulgadas mais informações a respeito da morte de Grant. Nos últimos dias ele teria tido um caso de bronquite, relatado pelo próprio durante sua participação em um podcast que foi publicado na última quinta (8). O jornalista revelou que estava com muitas tosses, assim como outros colegas.

BARRADO POR USAR CAMISA LGBTQIA+

Há algumas semanas, Grant Wahl foi barrado ao tentar entrar na partida de seu país por usar uma camisa com estampa de arco-íris, um dos símbolos LGBTQIA+.

“Um segurança se recusou a me deixar entrar no estádio para EUA x País de Gales. Você tem que trocar de camisa. Não é permitido”, compartilhou em suas redes sociais.

O irmão de Grant, Eric Wahl, disse em vídeo publicado no Instagram, que desde então o jornalista vinha recebendo ameaças de morte. Ele acredita que o irmão possa ter sido assassinado.

link

Em um ano, Martínez vira titular e vai à semifinal da Copa – 09/12/2022 – Esporte

Devido a um caso de Covid-19, a vida do goleiro Emiliano “Dibu” Martínez, 30, mudou completamente em pouco mais de um ano na seleção argentina.

Tudo começou na convocação para a Copa América de 2021, no Brasil. O então titular da equipe, Franco Armani, 36, pegou a doença e precisou ser afastado dois dias antes do torneio. Assim, Martínez foi alçado pelo técnico Lionel Scaloni à titularidade. Foi sua estreia com a camisa alviceleste.

Durante a competição, ele foi ganhando confiança até ser decisivo na semifinal contra a Colômbia. Após empate por 1 a 1 no tempo normal, fez três defesas nas cobranças de pênaltis e levou a Argentina à decisão contra o Brasil.

Com gol de Di María, tornou-se campeão, acabando com uma seca de títulos da Argentina que já durava 28 anos.

A partir daí, ganhou a confiança do grupo e do técnico e se firmou como principal goleiro do país. Na Copa do Qatar, teve atuações consistentes em todas as partidas e foi mais uma vez decisivo nas penalidades contra a Holanda.

Defendeu as cobranças de Van Dijk e Berghuis, abrindo caminho para a classificação às semifinais, quando enfrentará a Croácia, a algoz da seleção brasileira.

Ele dedicou a vitória ao povo argentino. “A primeira coisa que vem à mente é a emoção. Eu faço isso para 45 milhões de pessoas. Dar alegria como esta às pessoas é a melhor coisa neste momento. Estamos na semifinal porque temos paixão e coração. Estamos empolgados, assim como as pessoas”, comentou após a partida.

Formado nas categorias de base do Independiente de Mar del Plata, sua cidade natal, Martínez vem de família pobre e fez sua carreira profissional na Inglaterra. Aos 16 anos, foi negociado com o Arsenal (ING) e disputou apenas amistosos das categorias de base do clube até completar 18 anos.

Nos anos seguintes, foi emprestado para vários clubes ingleses, como Sheffield Wednesday, Rotherham United, Wolverhampton Wanderers e Reading, além do espanhol Getafe.

Sua grande oportunidade no Arsenal surgiu em junho de 2020, quando o goleiro titular, Bernd Leno, sofreu uma lesão. Alçado à titularidade, Martínez fez boas apresentações e foi campeão da Copa da Liga Inglesa.

Essa conquista foi sua vitrine. Ele aproveitou a chance e decidiu pela ida ao Aston Villa, onde atua atualmente e é titular.

Com mais ritmo de jogo, ele também chamou a atenção do técnico Lionel Scaloni e teve a grande oportunidade na Copa América do Brasil.

O goleiro é convocado para as seleções de base da Argentina desde o sub-17. No grupo principal, ele já fez 24 partidas, com 16 vitórias, 7 empates e apenas 1 derrota, justamente a estreia na Copa do Qatar, 2 a 1 para a Arábia Saudita.

Casado com Mandinha Martínez, Dibu tem dois filhos, Santi, 4, e Ava, 2. Ele também tem um irmão, Alejandro, que iniciou a carreira de jogador de futebol no Independiente, mas desistiu e hoje é dono de uma oficina mecânica em Mar del Plata.

Dibu é fã declarado de Lionel Messi e diz guardar as primeiras fotos que tirou com o ídolo. Agora, tem a oportunidade de atuar lado a lado com ele e dividir as glórias das conquistas. Quem sabe a tão sonhada Copa do Mundo.

Na conquista da Copa América de 2021, o goleiro demonstrou, em uma entrevista ao jornal Olé, toda sua admiração por Messi, que o havia elogiado nas redes sociais.

“Quando ele posta uma foto ‘é um fenômeno’, como não vou render na final? Eu quero dar a vida, quero morrer por ele. Espero que possamos dar o Mundial para ele”, disse ele, após ser o herói das semifinais contra a Colômbia.

Agora no Qatar, depois da classificação às semifinais, Messi mais uma vez foi só elogios ao companheiro. “Não tínhamos nenhuma dúvida [sobre Martínez]. Sabemos que quando vamos aos pênaltis temos vantagem com ele no gol. Hoje demonstrou isso mais uma vez”, afirmou o camisa 10.

link

‘Não merecíamos ir aos pênaltis’, diz técnico argentino – 09/12/2022 – Esporte

O técnico Lionel Scaloni seguiu as palavras de Messi e disse que, apesar da classificação, a partida não deveria ter chegado aos pênaltis, pois a equipe jogou para vencer a Holanda no tempo normal e também na prorrogação.

“Esta equipe tem espírito para saber enfrentar a situação em todos os momentos. Do meu ponto de vista, não merecíamos ir para os pênaltis, mas, mesmo assim, a equipe continuou a mostrar a cara. Tínhamos o jogo sob controle, mas o futebol tem isso, mesmo quando você pensa que está tudo acabado”, disse o treinador argentino.

“Já mostramos muitos sinais de caráter nesta Copa do Mundo. Esta equipe mostra as diferentes facetas que o jogo exige em todos os momentos. Sabíamos que na prorrogação, jogando nosso futebol, poderíamos mudar o resultado.”

O treinador argentino também exaltou o goleiro Emiliano Martínez, que defendeu duas cobranças de pênalti. Ele comparou o desempenho da partida de hoje com o do jogo contra a Colômbia, na semifinal da Copa América do ano passado, quando o goleiro pegou três cobranças.

“Foi parecido com o jogo contra a Colômbia. Os jogadores com vontade para bater as penalidades. Isso é muito positivo para o grupo. E sabíamos que o Emiliano podia defender alguns.”

O técnico só contou com Di María no segundo tempo da prorrogação. Segundo Scaloni, o jogador não estava bem fisicamente e só entrou em campo porque era preciso.

“Di María poderia ser uma arma, mas sabíamos que ele não estava nas melhores condições.”

Scaloni também ofereceu a vitória ao ex-técnico da seleção argentina Alejandro Sabella, que morreu no dia 8 de dezembro de 2020. Sabella foi vice-campeão na Copa de 2014. “Espero que ele esteja orgulhoso pelo que esse grupo fez.”

link

Messi celebra vaga, mas lamenta sofrimento em triunfo sobre Holanda – 09/12/2022 – Esporte

Lionel Messi, 35, celebrou a classificação da Argentina às semifinais da Copa do Mundo com uma ressalva: não era necessário tanto sofrimento. A equipe vencia por dois gols de diferença, mas permitiu que a Holanda empatasse por 2 a 2. Após a prorrogação, a equipe sul-americana levou a melhor nos pênaltis.

“Estamos aliviados, mas não era jogo para pênaltis, não era nem para ir à prorrogação. Mas estamos sofrendo na hora em que dá para sofrer e conseguimos passar”, disse o camisa 10 e capitão da seleção argentina.

“Jogo a jogo estamos mostrando que sabemos jogar futebol. Colocamos a mesma garra, a mesma intensidade”, acrescentou.

Messi lamentou a tensão criada durante a partida, com argentinos e holandeses trocando vários empurrões, principalmente após o empate da seleção europeia. Para o craque, faltou pulso ao juiz, o espanhol Mateu Lahoz.

“Fiquei muito chateado, o jogo não era para ir a esse clima. Sabemos que estávamos enfrentando uma grande seleção, mas a Fifa precisar rever algumas escolhas com relação aos juízes”, disse o camisa 10, que previu dificuldade diante da Croácia, adversária nas semifinais.

“A Croácia mostrou que é uma grande seleção, jogou de igual para igual com o Brasil. Em alguns momentos, estava até dominando o jogo. Vai ser dificílimo”, previu.

Messi, que disputa o seu quinto Mundial, poderá se tornar o jogador com mais jogos na história da competição se entrar em campo na semifinal e na partida seguinte (a decisão ou a disputa do terceiro lugar). Ele tem 24 partidas, mesmo número do alemão Klose. O líder é o também alemão Lothar Matthaus, que entrou em campo 25 vezes.

link